O promotor do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), Fernando Krebs, atacou os parlamentares que desfiguraram o projeto de dez medidas contra a corrupção apresentado na Câmara dos Deputados. Segundo ele, se a matéria for aprovada, promotores e juízes terão as atividades inviabilizadas.

“O projeto foi completamente descaracterizado. De fato, o MPF já retirou o apoio ao projeto. Eles transformaram este projeto em medidas contra o Judiciário e o MP. Como se os promotores e juízes não tivessem responsabilidades e não fossem responsabilizados,” avalia o promotor.

Ouça a entrevista completa de Fernando Krebs: {mp3}Podcasts/2016/dezembro/fernando_krebs_02_12{/mp3}

A principal revolta de membros do Ministério Público e magistrados é criação do crime de abuso de autoridade para as duas categorias. Fernando Krebs diz que é normal um promotor ter uma ação de improbidade julgada improcedente pela Justiça. Neste caso, eles teriam que responder criminalmente, podendo inclusive, ser obrigado a indenizar o réu.

Para o procurador, os deputados estão legislando em causa própria. “O Brasil será o único pais do planeta terra onde juiz e promotores não podem trabalhar. Eles estão nos impedindo de trabalhar porque os corruptos não querem que a gente trabalhe. Eles querem roubar em paz. Parem de incomodar e encher o saco, deixa a gente roubar em paz, porque quem manda aqui é a gente,” detona Krebs.

Até a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi alvo de críticas do procurador. Segundo ele, a entidade faz lobby contra o Ministério Público e o Poder Judiciário. E a justificava para a conduta é que em todos os grandes esquemas de corrupção no País tem renomados escritórios de advocacia envolvidos.

Krebs defende o fim do foro privilegiado para os políticos, ou pelo menos a redução deles. O promotor também não vê problema na remoção desta prerrogativa de membros do MP e juízes.