Diversidade. Substantivo feminino que caracteriza tudo aquilo que é diverso, que tem multiplicidade”, ou seja, que apresenta pluralidade e que não é homogêneo. Historicamente isso já acontece com os automóveis. De tempos em tempos ganham novas aparência ou retomam lionhas e desenhos de outras épocas. No entanto, essa característica pode ficar ainda mais evidente com o avanço da eletrificação dos carros.

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Modelos de motores à combustão têm cada vez mais ganhado versões elétricas no mercado. Nesse sentido, a mudança não vai apenas reduzir a emissão de gases de efeito estufa dos carros.

É o que avaliam especialistas e designers entrevistados pela Deezen, revista especializada em design e arquitetura. De acordo com o diretor de design do Nissan’s Global Design Center, Giovanny Arroba, os novos veículos oferecem outras possibilidades, que vão além do que aconteceu nos último século. Segundo o designer, as mudanças irão além do “skate”, como é conhecido o piso plano e unificado de um carro que contém motor, transmissão e coluna de direção.

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“No momento, estamos tentando espremer o máximo de alcance dessas baterias por meio da eficiência da aerodinâmica, então você começa a ver muitos carros com uma silhueta semelhante”, disse Arroba. “O que eu prevejo é que você verá muito mais diversidade à medida que a tecnologia avança”, afirma.

Para Arroba, os carros elétricos oferecem novas variações para a distribuição de pessoas, área de carga e motores. Ou seja, além de futurísticos, tendem a ter aparências mais disruptivas e cheias de criatividade.

Tendência

Essa diversificação, no entanto, ainda não se confirmou. Muitas marcas preferem lançar as suas versões elétricas de carros em um padrão semelhante ao que já foi consagrado no mercado atual. É o caso da italiana Maserati. O modelo elétrico, lançado na semana de design, em Milão, em muito se parece com o de GranTurismo, automóvel de luxo e alto desempenho, projetado para ser dirigido por longas distâncias.

O F-15 Lightning e o Cooper Se são exemplos de carros elétricos que pouco diferem da versão à combustão.

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A diretora-gerente da agência de design especializada em transporte PriestmanGoode, Kirsty Dias, acredita que pode se tratar de uma estratégia. Segundo ela, montadoras querem que os consumidores não se sintam ainda mais intimidados em fazer a mudança do “tradicional” para o elétrico.

Conforme a especialista, a indústria automobilística não está exigindo muito do cliente neste primeiro momento de transição para a nova tecnologia. O Nissan Leaf, cujo lançamento ocorreu em 2010, é um bom exemplo. O modelo elétrico recebeu muitas críticas à época, por possuir linhas muito arredondadas. “O próximo passo, eu acho, pode ser algo mais experimental”, acresenta Dias.

Percepção

O Nissan Leaf versões 2010 (acima) e 2023 do carro (Fotos: Nissan/Montagem/Sagres Online)

Para o chefe de design da Polestar, Maximilian Missoni, marca de uma empresa de automóveis elétricos da Volvo, a alteração no design vem de encontro à mudança de percepção que os motoristas têm do próprio carro.

Para ele, o carro com o motor potente, que queimava combustível e emitia um gás quente está relacionado à um perigo, uma “fera” dominada por quem dirigia. “Com a eletrificação, esse grande componente de perigo no próprio trem de força desapareceu”, conta ele.

As grades frontais que lembram dentes perdem espaço para uma superfície mais lisa, especialmente porque a bateria requer muito menos resfriamento do que um motor convencional.

Menos barulho

Sempre presente em veículos à combustão, o barulho é quase imperceptível em versões elétricas. Entre pessoas que um veículo elétrico pela primeira vez, é muito comum a dúvida em relação ao carro estar efetivamente ligado. A ausência de ruído também é um problema de segurança, já que este era um sinal de que um carro estava se aproximando.

Para substituir o barulho do motor, algumas marcas usam recursos sonoros – é o caso da BMW que contratou os serviços do compositor vencedor do Oscar Hans Zimmer para o iX.

Tamanho

Outra tendência nos lançamentos de veículos elétricos é a escolha por modelos maiores. É o caso dos sedans e SUVs, que funcionam bem com bases de baterias grossas. A escolha também está ligada ao preço que os consumidores estão dispostos a pagar.

Segundo o professor da Universidade de Bath e especialista na indústria automobilística, Andrew Graves, “é muito difícil lucrar com os carros elétricos, então todos chegam aos SUVs porque ganham muito dinheiro com eles com um volume muito menor.”

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Todavia, não há sustentabilidade e nem segurança na escolha pelo transporte individual em carros grandes, ainda que elétricos. Estes veículos têm um peso maior e um motor potente, uma combinação perigosa, principalmente para pedestres e ciclistas.

“As baterias dependem muito de grandes quantidades de metais pesados, como lítio e cobalto, por isso são incrivelmente pesadas, que é a última coisa de que precisamos”, disse Graves.

Meio ambiente

O volume também é ruim para a eficiência energética e de recursos, com o Conselho Americano para uma Economia Eficiente em Energia (ACEEE) classificando os maiores EVs como piores para o meio ambiente do que os carros menores a gasolina. E representa problemas para a infraestrutura, causando mais danos às superfícies das estradas e vias urbanas.

A ideia de que um veículo com uma ou duas toneladas de material vai ser produzido para o transporte individual ou familiar e que vai ocupar espaço em cidades com um adensamento populacional cada vez maior, o que significa disputa de espaço, foge do que muitos urbanistas e ambientalistas esperam do setor automotivo.

Veículos mais leves, menores, com motores que não precisam de tanta postência, são opções mais amigáveis neste sentido. Um exemplo é o próximo lançamento da Luvly, um minicarro elétrico que pesa menos de 400 quilos.

“Herdamos uma ideia do que um carro deveria ser, mas não há como continuarmos com esse desperdício de consumo de transporte”, explicou isse Håkan Lutz, presidente-executivo da montadora sueca, ao Dezeen. “Atualmente, os carros transportam 1 ou 2 pessoas por 36 quilômetros dentro da cidade. O que fizemos foi esse fato e desenhar um veículo otimizado para esse caso de uso”, continuou Graves.

Um futuro com carros autônomos também promete uma mudança ainda mais revolucionária no desenho dos carros, uma vez que motoristas e o espaço que eles ocupam tendem cada vez mais a ficar no passado.

Com informações do portal Ciclo Vivo

Este conteúdo contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12 e 13 da Agenda 2030 da ONU – Consumo e produção responsáveis e Ação global contra a mudança do clima, respectivamente

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