Os desafios na área de Educação são diversos. Representantes de instituições ligadas a área de Ensino debateram diferentes problemas e soluções para alunos, professores e a comunidade escolar. Um dos mais sensíveis é a formação de professores.

Um seminário foi realizado pelo Gabinete Articulado para Efetividade da Política de Educação (Gaepe) em Goiânia. Frente a frente com o público, a presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, induziu os participantes a reflexões para construção de educação de qualidade.

Vários desafios na área de Educação foram elencados como Financiamento, Equidade, Educação Antirracista, Formação de Professores, Alfabetização, Gestão Escolar. Além disso, há preocupação quando carência de recursos para inclusão, saúde mental dos profissionais da Educação.

Formação de professores

Priscila Cruz alerta que há outros temas que merecem muita atenção, entre eles a formação de professores. Ela relatou que 81% de quem entra nos cursos de licenciatura de Pedagogia são ingressantes em cursos de Educação a Distância.

“É praticamente impossível termos qualidade de professores em cursos EAD, a gente pode ter o curso híbrido com pouco de EAD, mas basicamente tem que ser um curso presencial. Eu fiz um chamamento muito forte para que a gente acabe com essa farra do EAD que há no país e que tem prejudicado a melhoria da qualidade da Educação no Brasil”, afirmou.

Prioridade das Prioridades

A presidente do Todos pela Educação defende que é preciso de uma atuação sistêmica, com a conexão de todos os processos para alcançar resultados. Como os problemas são diversos, não dá para atacá-los todos de uma vez, para isso há prioridades a serem seguidas.

“O que a gente pergunta para pessoas envolvidas na área da Educação, quando a gente pergunta quais são suas prioridades, a gente consegue coletar várias, financiamento, gestão, governança, pré-escola, ensino médio, formação, inclusão, educação étnico-racial. Tem muitas pautas mesmo”, disse Priscila Cruz.

A presidente Executiva do Todos pela Educação, entende que há várias demandas, mas a principal é que a Educação deve ser a “prioridade das prioridades”.

“A primeira prioridade é ser prioridade, é muito fácil falar que a educação é importante, é muito fácil falar, é muito difícil fazer e a gente tem poucos casos de priorização no Brasil”.

Primeira infância

Priscila Cruz destaca que é preciso ter uma atenção especial quanto a primeira infância. Áreas como Saúde, Educação, Cultura, Esporte, Antirracismo devem ser integradas, resultando numa formação completa para crianças.

“Essa criança estará na sala de aula e ela precisa aprender isso de forma integrada para aprender o que realmente precisa aprender”, analisou.

Puxão de orelha

Apesar de esforços há temas que ainda merecem mais atenção como a recomposição de aprendizagem. Priscila relata que são poucas as secretarias que tem tratado o tema com o protagonismo necessário. Afinal, crianças e adolescentes foram impactadas de diferentes formas no período da pandemia da Covid-19.

“Pena, e eu não tenho uma boa notícia, pois este assunto não está no topo da agenda de grande parte das secretarias de Educação, o ministro da Educação ainda não apresentou um plano para coordenar estados e municípios sobre essa recuperação de aprendizagem na pandemia. As turmas estão se formando e agora o 3º ano do Ensino Médio está se formando, eles estavam no 9º ano durante a pandemia e nada aconteceu”, argumentou.

Priscila relata que no caso da alfabetização também há um grande prejuízo. Para ela, alunos impactados precisam ter um tratamento diferenciado para conseguir a mesma chance de alfabetização dos outros. “Falta uma estratégia nacional para recuperação da perda de aprendizagem”, disse.

Articulação

Uma das bandeiras levantadas foi uma articulação mais robustas entre todos os órgãos e agendas que de alguma forma trabalham na área da Educação.

O Conselheiro Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), Saulo Mesquita, afirma que há uma otimização de esforços e recursos em prol da Educação.

“O foco do Gaepe é a melhoria da educação, o foco inicial foi na pandemia, o afastamento dos alunos. O Gaepe tinha um enfoque específico na pandemia, mas hoje o enfoque é direcionado ao melhoramento da educação, pensando no futuro como um todo”, destacou.

Tecnologia

Um dos pontos destacados durante o encontro foram os desafios tecnológicos pensando na resolução de problemas enfrentados por estudantes e pela comunidade escolar de uma forma geral.

A representante do Instituto Articule, Alessandra Gotti, defendeu a união de esforços visando a construção de uma agenda conjunta entre os diferentes poderes do setor público.

“É importante pensarmos em soluções, aprimorá-las, ombreados, buscando soluções para problemas reais”, relatou a integrante do Articule.

Gaepe

O Gabinete Articulado para Efetividade da Política de Educação (Gaepe) organizou o seminário. O grupo debate melhorias pra educação e tem a participação de órgãos como Tribunais de Contas, Secretarias de Educação e membros do terceiro setor.

Durante o encontro houve um balanço de ações desenvolvidas durante a pandemia, entre elas a busca pela segurança sanitária, transporte escolar após retomada as aulas e recuperação de aprendizado.

O grupo conta com o apoio de 14 instituições, entre elas a Secretaria Estadual de Educação, o Tribunal de Contas de Goiás (TCE), Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Defensoria Pública de Goiás, Federação Goiana dos Municípios, Instituto Articule, entre outras.

“O Gaepe não é ambiente de controle, auditoria, que expede determinações, não de apuração, mas de construção de políticas públicas”, disse Fabrício Mota que é conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios.

O tema é alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), ODS 4 – Educação de Qualidade.