A cidade presencia novas modalidades de crime e o fato que impressiona continua a ser o tradicional, ou seja, a falta de reação – não dos assaltados, o que é bom, mas dos gestores, o que é péssimo. A preocupação deve ser com o comum, não com o prosaico. Ladrão levar cofre da Secretaria de Segurança não quer dizer nada. Afanar dezenas de celulares da Polícia Técnico-Científica não significa nada. Bandido assaltar delegado e policial militar tem aspecto simbólico, mas não denota nada. As atenções do secretário de Segurança, Joaquim Mesquita, devem se concentrar nos delitos contra o povo, assassinato, roubo, estupro.

{mp3}stories/audio/2013/Setembro/A_CIDADE_E_O_FATO___19_09_quinta_feira{/mp3}

O que desmoraliza as forças de segurança é a falta de investimentos estaduais, municipais e da União.

O governo federal, que décadas atrás chegou a mandar anualmente para Goiás 2 mil viaturas zero-quilômetro, agora não manda nem bom-dia.

A Guarda Municipal e a Secretaria de Trânsito preferem seus integrantes olhando o corpo de mulheres em parque ou protegendo os colegas em briga de rua. Nesta quinta-feira, o Diário da Manhã mostra os flagrantes de como age o corporativismo: próximo à sede da prefeitura, um servidor da Câmara de Goiânia, de dentro de um carro oficial, cantou uma senhora que estava com o filho nos braços e o marido ao lado. O marido, é claro, achou ruim e o servidor o agrediu fisicamente como agredira a senhora verbalmente. As imagens do Diário da Manhã mostram o servidor do Executivo protegendo o do Legislativo.

Certamente, as secretárias de Defesa Social, Adriana Accorsi, e de Trânsito, Patrícia Veras, vão tomar providências, pois o prefeito Paulo Garcia não aceita proteger o machismo. O presidente da Câmara, Clécio Alves, também deve agir para evitar novos escândalos com os veículos do Legislativo. Um sujeito que não tem preparo sequer para conter a fúria sexual em público não pode trabalhar na Casa do Povo, recebendo salário do povo, usando carro comprado com dinheiro do povo e gastando combustível pago pelo povo para agredir as mulheres e os homens do povo.

Enquanto as autoridades são roubadas ou entram em roubadas, as ruas permanecem à mercê dos bandidos. É a velha modalidade de crime, o que resulta em impunidade.