Marcelo Almeida (Sagres Online)

O presidente do Goiás, Marcelo Almeida, participou nesta quinta-feira do programa K Debates Esportivos na Rádio Sagres. Entre outros assuntos abordados pelos comentaristas das Feras do Kajuru, o principal dirigente executivo esmeraldino esclareceu a situação financeira do clube, a questão do estádio e também a dificuldade para montar um time competitivo no futebol brasileiro.

De volta para a Série A do Campeonato Brasileiro após três anos na segunda divisão, o Goiás não tem tido o mesmo sucesso nacional e internacional dos anos anteriores e o último título fora do estado foi a Série B de 2012. Desde então, disputar títulos de competições como Copa do Brasil e Sul-Americana são realidades distintas atualmente. Marcelo Almeida acredita que “estamos no caminho. O Goiás tem pavimentado um caminho que vai nos garantir muito em breve isso”.

Entretanto, o presidente adverte que “o meu medo é que o futebol está se tornando muito difícil de ser praticado. Os números que envolvem o futebol hoje são milionários e bastante assustadores. Eu que estou mais envolvido nesse meio hoje, junto com outros dirigentes, me assusto porque qualquer perna de pau hoje ganha 50, 100 mil reais. Isso me assusta muito, porque a diferença de patamar vai ficando cada vez maior. Nós estamos criando um abismo muito grande, por que como vamos praticar salários igual do Flamengo, do Santos, do São Paulo, do Cruzeiro, que está passando por dificuldades?”.

“Hoje eu vi uma matéria a respeito do déficit do Corinthians nos últimos seis meses: 100 milhões de reais, 16 milhões de reais por mês. Hoje temos um déficit no Goiás, mas chega a um décimo disso. Eu quero e acredito muito que o Goiás um dia terá uma grande conquista, mas o que me assusta e apavora é exatamente o fato de que alguns clubes estão cometendo loucuras que eu não sei como serão pagas. Eu sou um pouco mais conservador e prefiro pagar minhas contas em dia do que, de repente, cometer atos de insanidade, porque somos cobrados por isso. Às vezes você tem um título, mas perder todo um patrimônio como temos, será que compensa?”, questiona o Marcelo.

ESTRUTURA

Reconhecido por ter uma grande estrutura, o Goiás tem enfrentado dificuldade para também montar grandes times, e o dirigente máximo esmeraldino destaca que “obviamente procuramos fazer as duas coisas. É mais fácil você ter estrutura do que ter time de futebol. A diferença é que a estrutura é mais exata, e futebol é uma ciência que não existe. Às vezes dá certo com pouco e às vezes dá errado com muito”.

O caminho para evoluir, portanto, são as categorias de base, segundo Marcelo. “A base de um time de futebol será o futuro de todos, porque se você tem uma base, você forma, vende e faz caixa. Isso nós já estamos fazendo há muito tempo. Essa estrutura que todos falam, esse investimento compensa a longo prazo, talvez não a curto prazo, e tenho que certeza que vamos colher os louros daqui para frente. Nos próximos um, dois ou três anos teremos uma receita inimaginável por conta de venda de jogadores. E a partir do momento que teremos essa receita, poderemos pensar maior”, ressalta.

Um jogador muito valioso dentro do elenco profissional do clube é Michael, bastante elogiado por treinadores e comentaristas neste Campeonato Brasileiro. Acerca do assunto, Marcelo Almeida destacou que a multa do atacante está em torno de 50 milhões de euros, tanto para para clubes brasileiros e quanto internacionais. Um valor considerado abaixo do que tem praticado grandes clubes no Brasil, como Flamengo, Santos e Fluminense, que recentemente fizeram grandes vendas, assim como o Grêmio, que tem recebido sondagens por Éverton.

DÉFICIT

Além da disparidade econômica entre os clubes no futebol brasileiro, o Goiás ainda sofreu um baque com a nova forma da divisão da verba dos direitos televisivos da Série A, e tem fechado mensalmente com déficit superior a 2 milhões de reais. O presidente esmeraldino aponta que “hoje temos a Serrinha, o centro de treinamento e o Coimbra-Bueno, e isso requer um grande número de funcionários para que nossa estrutura possa ser mantida. Nossos gramados são super bem conservados e tratados, nossa estrutura física também, e isso custa um bom dinheiro”.

“Mas confesso que o que come o dinheiro de um clube não é manutenção dessa estrutura, e sim jogador. Se você pegar o faturamento e o gasto que o Goiás tem, eu posso garantir que é 70% ou mais do dinheiro é direcionado para o futebol, que são salários pagos a jogadores, comissão técnica e encargos trabalhistas envolvidos”, frisa Marcelo. “O Paulo Lopes, que é o nosso diretor financeiro, usou uma expressão engraçada e eu achei muito interessante: ‘quando se tem muito dinheiro, ele espalha. Quando se tem pouco dinheiro, ele ajunta’. Hoje estamos com pouco dinheiro, então estamos ajuntando”.

Uma saída para a situação poderia ser a poupança do dinheiro que o clube acumulou com vendas valiosas como as dos atacantes Erik, Bruno Henrique e Carlos Eduardo, porém o dirigente afirma que hoje não tem condições de arcar com todas as despesas até o final do ano com o que tem guardado no caixa. Entre as alternativas, “tem a Globo, que normalmente faz antecipações, tem banco, porque hoje não devemos nada. Nós temos vários jogadores que com certeza serão comercializados, só que eu disse para todo mundo, e falo para os empresários desses jogadores, que nós não queremos comercializar eles esse ano. Nós precisamos desses atletas”.

Outro caminho poderia ser o corte de gastos, e Marcelo Almeida afirma que “em relação a essa questão de cabide de emprego, eu não concordo. As pessoas que estão no clube vejo que são essenciais no desempenho das suas funções. Hoje não existe mais dinheiro para pagar todo mundo que está lá dentro, então obviamente vamos ter que fazer ‘a gata parir’. Cada pessoa que desempenha sua função tem sua devida importância, então não vejo nenhuma função desempenhada por ninguém que seja excedente. Óbvio que, na hora da necessidade, uma ou outra vai ter que sair do processo”.

marcelo na sagres

ESTÁDIO

Enquanto isso, o clube ainda está gerindo a questão da reforma do estádio Hailé Pinheiro, visando a modernização da estrutura e também ampliação da capacidade. O presidente esmeraldino destaca que “fizemos um orçamento muito criterioso e chegamos à conclusão de que esse estádio (para 20 mil pessoas) não vai custar para nós por menos de 180 a 200 milhões de reais. É muito dinheiro, então temos algumas possibilidades de conquistarmos isso”.

A principal perspectiva seria de “construirmos de forma faseada. Constrói uma fase, daqui um ano outra. Ou seja, daqui 10 ou 15 anos teríamos nosso estádio pronto. Estamos tentando encontrar uma outra maneira (como uma parceria), a melhor forma hoje de que podemos construir. Ou vendemos dez Michael, ou fazemos uma parceria”. No momento, o estádio passará por mudanças visando a Copa do Mundo sub-17, e o dirigente revela que estamos recebendo várias visitas de um grupo da Fifa e eles são extremamente exigentes. Nós seremos beneficiados por modificações que serão custeadas pela Fifa”.

Muito perguntaram sobre por que não construir no CT Edmo Pinheiro, onde o clube tem um grande espaço, e Marcelo Almeida advertiu que a área está “situada em uma zona de preservação ambiental. Então o que acontece é que para que possamos construir um estádio ali teríamos que conseguir uma licença para uma estrutura de impacto extremo, e hoje nessas condições de preservação de meio-ambiente que estamos vivenciando, uma autorização desse tipo seria totalmente inviável. Construir estádio lá é impossível”.

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