O Estado de Goiás avança no uso de Inteligência Artificial (IA) com a inauguração de um supercomputador no Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Em entrevista à Sagres, o professor e coordenador do Ceia, Anderson da Silva Soares, afirmou que a utilização desse supercomputador é um marco para Goiás. Anderson também explicou que a evolução da IA deve causar ainda mais impactos na sociedade, principalmente no mercado de trabalho.

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“Um ponto importante é que vai, sim, haver alguns fechamentos de vagas e tentar negar isso é quase utopia […] O que nós precisamos fazer é preparar a sociedade para usar bem a tecnologia e, também, para fabricar tecnologia. É isso que a gente precisa como sociedade organizada para os próximos anos. Vai tirar alguns empregos, mas vai gerar outros”, detalhou o coordenador.

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Outros pontos observados serão as facilidades que alguns trabalhos terão, pois é possível treinar a IA não só para transcrever áudios, como para destacar os principais pontos de uma conversa e até criar textos publicitários. “O advento do computador com seus softwares trouxe impactos generalizados em todas as profissões. O momento que a gente está passando é similar, mas a diferença é que esse software que vem dentro do computador é mais inteligente e realiza tarefas mais complexas que antes a gente não conseguia”, reforçou o professor.

Segundo Anderson, as mudanças têm ocorrido de maneira tão rápida, que mesmo quem atua na área tem dificuldades de acompanhar. No entanto, o coordenador ressaltou que daqui um tempo será estranho lembrar, por exemplo, que hoje usamos um teclado e um mouse para usar um computador. “A gente está entrando na era da viabilidade em que a gente só vai falar com máquina, porque isso é mais natural para o ser humano. A interface de voz é mais natural, mas a gente não tinha viabilidade tecnológica para fazer isso antes, e agora nós temos e é só uma questão de tempo”, declarou.

O supercomputador

Considerado o servidor de Inteligência Artificial mais rápido do mundo, o supercomputador tem um poder de processamento equivalente a 100 mil computadores convencionais, desses utilizados em casas e escritórios. Apesar de caro e oneroso, explicou Anderson, uma vez desenvolvida, a IA é fácil de ser transportada, uma vez que basta copiar o software e levar para outro lugar.

“Isso faz com que a gente reduza o tempo necessário para desenvolver soluções para a Inteligência Artificial. Para se ter uma ideia, referente ao equipamento que nós tínhamos anteriormente, que já é muito bom, nós conseguimos reduzir em cerca de 30% o tempo das tarefas que estávamos realizando”, afirmou o professor.

Com a ideia de usar o supercomputador “24 horas por dia e 365 dias por ano”, já existem projetos em curso para serem executados, como um da Procuradoria-Geral do Estado de Goiás (PGE). A proposta pretende lidar com cerca de 2 a 3 mil citações que os procuradores recebem diariamente de processos que envolvem o Estado.

“Essa máquina chega, num primeiro momento, para problemas de processamento de linguagem natural. Em vez do procurador analisar duas mil peças jurídicas, terá uma inteligência artificial que fará essa análise. Assim, o procurador poderá utilizar o tempo dele naquilo que é realmente necessário e essencial como, por exemplo, estudar o caminho a ser tomado numa tese para defender determinado processo”, argumentou.

O supercomputador custou cerca de R$ 1,4 milhão e foi adquirido com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg), juntamente com o Governo de Goiás.

Assista à entrevista no Sagres Sinal Aberto: