Em muitas situações, a pandemia fez com que as pessoas mudassem o local de trabalho para dentro de suas casas. Mesmo com o avanço na vacinação e a flexibilização das atividades econômicas, as empresas têm optado por manter seus trabalhadores em home office ou work at home.

Neste cenário, e de olho na produtividade, um dos temas mais discutidos nas organizações é a liderança e gestão das equipes de trabalho à distância. A especialista em Estratégia de Carreira, Rebeca Toyama, explica a importância de um líder quando o assunto são objetivos das empresas. Confira a entrevista no STM #298 a seguir

“A partir do comportamento de um líder, a gente pode querer seguí-lo ou fazer totalmente diferente do que ele faz, inclusive sair da empresa. A gente sabe o quanto a liderança impacta na permanência dos talentos dentro de uma equipe”, afirma.

Para a especialista, quem ocupa posição de liderança nas organizações precisa fazer com que a equipe trabalhe em prol dos objetivos de desenvolvimento sustentável, os ODSs.

“Não é só aquela pessoa que tem um cargo de chefia, de gestão. São pessoas que influenciam outras a enxergarem as demandas gritantes dos ODSs”, avalia Toyama.

Uma pesquisa desenvolvida pela Organização Gallup sobre efetividade organizacional, feita com mais de 1 milhão de empregados de uma ampla gama de indústrias, empresas e países, mostrou que colaboradores talentosos necessitam de líderes excelentes. A pesquisa foi feita com 12 perguntas que convidam o líder que habita em cada entrevistado a assumir sua a responsabilidade de influenciar pessoas, estejam elas acima, abaixo ou ao lado no organograma da empresa. Para Rebeca Toyama, discutir esse assunto junto às empresas é desafiador.

“Não é um tema discutido nas escolas, não é um tema bem trabalhado nas famílias. Essa construção de liderança, independente das gerações, a gente começa a aprender em casa, na forma como pais se relacionam com os filhos. Depois a gente é submetido a uma outra liderança que são os nossos educadores. Quando a gente chega na empresa, já se tem um conceito, um aprendizado de longa data sobre o que é ser liderado”, analisa.

Segundo a especialista, um modelo a ser adotado neste momento é o da liderança colaborativa, em que o líder precisa influenciar positivamente o ambiente para que o trabalho e as cobranças se transformem em algo saudável.

“Nesse momento de repaginação do mercado de trabalho, que já vinha acontecendo com a pandemia e isso se acelerou, a gente observa esses dois desafios: aprender a liderar e a ser liderado”, conclui.

Confira orientações para respeitar seus valores e se tornar um bom exemplo de liderança:

1) Cuide de seu bem-estar e qualidade de vida. Um líder cansado, doente e endividado causa mais repulsa que influência. Pior: pode gerar medo, receio de discutir e negociar pontos do desenvolvimento profissional e se distanciar ainda mais da sua equipe;

2) Em um mundo conectado lembre que você está influenciando pessoas dentro e fora da empresa 24 horas por dia. Os líderes devem pensar sempre na própria apresentação, no tom de fala e nas informações pessoais que compartilham com sua equipe de trabalho, pois todos os ambientes estão sempre conectados agora;

3) Conte sua história de vida com sabedoria expondo conquistas e fracassos para que as pessoas aprendam com você. Não ter medo de compartilhar insucessos, histórias de superação e buscar ajuda fazem parte desta nova rotina, mas o vértice deve sempre extrair um aprendizado para que sirva de exemplo;

4) Tenha um estilo de vida alinhado com seus valores. É mais efetivo influenciar pessoas com exemplos do que com frases prontas. Isso envolve compartilhar o tempo dedicado a alguma atividade de lazer, à família e a organização própria do trabalho, o que ajuda a fazer um colaborador evoluir;

5) A maior preocupação de um líder não deve ser em agradar sua equipe, mas sim em ajudá-la a se desenvolver.