A operação Penalidade Máxima, realizada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), deflagrada há três meses, escancarou a existência de uma verdadeira máfia no futebol brasileiro. Muitos jogos, inclusive do Campeonato Brasileiro da Série A, estão sob investigação por causa do envolvimento de jogadores e empresários em apostas esportivas.
A edição 144 do Debates Esportivos abordou o tema em duas linhas diferentes: uma delas com João Bosco Luz, advogado ex-membro do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e ex-presidente do Goiás Esporte Clube, que falou sobre as consequências jurídicas que os envolvidos no esquema podem sofrer. Por outro lado, a psicóloga Marina Maia, explicou e alertou sobre o vício em apostas na busca pelo dinheiro “fácil”.
O vício
Para a psicóloga Marina Maia, as apostas de forma geral são uma busca por prazer. Por isso, é difícil, ao mesmo tempo muito importante, reconhecer os limites.
“Claro que essa questão do vício passa pelo dinheiro, mas desde que nos conhecemos por sociedade, temos a tendência a explorar questões que nos trazem prazer. hoje em dia é muito difícil achar alguém que não tenha algum vício, mas o ruim é quando isso se torna um abuso ou uma dependência”, explicou a psicóloga, que também lembrou que dinheiro “fácil” mexe com as pessoas, até mesmo com jogadores de futebol que têm bons salários.
“O jogador entende esse dinheiro como um extra, sem taxa, que não vai ter que declarar, que você não estava contando com ele, então pode chegar como um benefício. Vou comprar um carro, vou juntar essa grana, fazer uma viagem. Quando paramos pra pensar que é um dinheiro extra, ela brilha os olhos. Da mesma forma para o apostador, que n]ao se preparou para aquela dívida ou aquele ganho. Então, tudo o que vier é lucro”.
Punições
Já do Ponto de vista jurídico, o advogado João Bosco Luz destacou que os jogadores poderão pegar até 720 dias de suspensão, além do pagamento de multa, com base no Código Brasileiro de Justiça Desportiva. O jurista também lembrou que já julgou um caso envolvendo manipulação de resultados.
“Fui relator de um processo que veio do TJD de São Paulo envolvendo manipulação de resultados com atletas e pessoas do Batatais. Naquela oportunidade já havia uma grande preocupação com manipulação de resultados. E acho interessante quando vocês ouvem uma psicóloga, porque ela trata sobre a compulsão nas apostas, mas infelizmente a justiça desportiva não pode amenizar na punição por se tratar de um desvio psicológico”, ressaltou João Bosco, que ainda explicou se os culpados podem ser banidos do futebol.
“No caso de reincidência, as pessoas podem ser banidas do futebol. Isso está previsto no Código Brasileiro. Com certeza, não tenho dúvidas, que os atletas sofrerão as punições independente de acordo/transação com o Ministério Público”.
Alerta
Em meio a uma verdadeira avalanche de casas de apostas espalhadas pelo Brasil, com facilidade para quem gosta de se divertir fazendo uma “fezinha”, a psicóloga Marina Maia deixou um alerta.
“Se para você, assistir jogos está intrínseco às apostas, você deve se afastar do mundo do futebol ou de qualquer tipo de aposta. não tem outra alternativa, a gente se enganar falando que está no controle. Se tem um vício, você não pode achar que pode se controlar, porque não é possível”
Podcast
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