Você já ouviu falar em doença celíaca (DC)? Muitas pessoas ainda não, e boa parte delas pode estar no grupo que possui a enfermidade e não sabe. No Brasil, por exemplo, estima-se que 1% da população seja portador de DC. Trata-se de uma doença autoimune, causada pela intolerância ao glúten. A proteína pode ser encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e derivados. 

A doença celíaca, no entanto, é foco da campanha Maio Verde, que busca conscientizar sobre a enfermidade. É o caso da fisioterapeuta Thaila Beatriz. “Comecei a desconfiar que tinha alguma coisa errada porque toda vez que eu tentava comer um sanduíche ou pizza, por exemplo, me sentia “estufada” logo no começo e não conseguia continuar comendo. Tinha outros sintomas mas na época não sabia que tinha ligação”, relata.

A DC pode ser diagnosticada por meio de uma endoscopia. Thaila conta que, inicialmente, recebeu diagnóstico de intolerância a glúten. Porém, depois de fazer novos exames, descobriu que tem predisposição genética à doença celíaca. “Me sinto ‘estufada’, com distensão abdominal, dor de cabeça, dor no corpo e também apresento sintomas alérgicos”, conta a fisioterapauta.

Doença imunomediada

O médico gastroenterologista, Eduardo Bafutto, explica que a doença celíaca, além de ser genética, é imunomediada. Ou seja, ela produz os próprios anticorpos e coloca o sistema imunológico para trabalhar a favor dela.  

O médico gastroenterologista Eduardo Bafutto (Foto: Sagres Online)

“A doença celíaca não é uma alergia, ou seja, não é mediada por IgE (imunoglobulina E) como a alergia ao trigo. Ela [doença celíaca] é uma doença imunomediada com fator genético”, afirma. “Pacientes com parente de primeiro grau que tem doença celíaca ou que tem diabetes tipo 1, ou que tenha alguma tireoideopatia ou doença autoimune tem um fator de risco aumentado para ter doença celíaca. É, então, um fator genético, é uma doença genética”, complementa. 

Além disso, a doença celíaca possui mais de um tipo, e nem sempre o paciente manifesta sintomas gastrointestinais. 

“Na forma atípica, por exemplo, é uma anemia, uma deficiência de vitamina D, de vitamina B12 ou de ácido fólico, de ferro. Ou seja, são manifestações mais atípicas, que não se tem sequer sintomas gastrointestinais”, esclarece Bafutto. 

Contaminação cruzada

Segundo Thaila, é possível encontrar no mercado alimentos que não possuem glúten. No entanto, não deixa de ser um desafio. “Achar produto sem glúten ainda é um desafio e, quando encontro, geralmente, é bem caro, provavelmente pela pouca disponibilidade no mercado”, afirma.

O médico Eduardo Bafutto, porém, chama a atenção para o risco da chamada contaminação cruzada a pacientes de doença celíaca. Ocorre quando algum ingrediente de um alimento sem glúten teve contato com o trigo, cevada ou centeio, por exemplo.  

Ouça a entrevista a seguir

“Muitas pessoas ligam o glúten ao trigo, mas não é só o trigo que tem glúten. É o centeio, a cevada e trigo. São os principais. A pessoa pode até fazer uma dieta sem centeio, cevada e trigo e trocar por aveia, por exemplo. Mas é preciso lembrar que pode haver contaminação cruzada. Talvez essa aveia já passou perto de um centeio ou de um trigo, começa a comer aveia achando que não vai ter nenhum problema e continua com reativação da doença”, afirma. 

Thaila relembra um episódio de contaminzação cruzada. Ela se sentiu mal depois de comer um sanduíche sem glúten. “É um local que vende sanduíche sem glúten, mas que é feito na mesma chapa que todos os outros. Apresentei os sintomas, mas um pouco mais leve”, conta. 

Não tem cura

A doença celíaca não tem cura. No entanto, tem tratamento. Segundo Eduardo Bafutto, o principal monitoramento é verificar se há presença de glúten na composição dos alimentos. 

“Não tem cura nem medicação. Todas as medicações que já tentaram, não há nenhuma aprovada. O único monitoramento é tirar o glúten da dieta”, afirma. “Sempre que você achar alguma alteração, quando sentir algum tipo de sintoma, procurar um médico para que seja feito o diagnóstico o mais precoce possível”, conclui. 

Confira a seguir os sintomas da doença celíaca

  • Distenção abdominal e dor recorrente;
  • Diarréia crônica;
  • Perda de peso;
  • Fezes claras, com odor fétido;
  • Anemia crônica de causa desconhecida;
  • Flatulência;
  • Dores ósseas;
  • Alteração comportamento;
  • Câimbras musculares;
  • Fadiga, cansaço;
  • Retardo do crescimento;
  • Dor articular;
  • Aftas orais;
  • Alteração período menstrual;
  • Depressão, irritabilidade.

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