Rayane Xipaia é integrante do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas e acompanhou de perto as negociações da COP 29, em Baku, no Azerbaijão. Projetando a conferência do próximo ano, a COP 30 que será em Belém (PA), seu estado de origem, a indígena disse que espera que a edição possibilite que vozes esquecidas no debate climático sejam ouvidas.
“É muito importante ter esse conhecimento, que os negociadores tenham essa vivência. Eu fico muito feliz que seja lá e eu espero que a COP 30 possa de alguma forma também viabilizar as vozes que são esquecidas dentro da nossa região”, afirmou ao ONU News.
A edição da COP na Amazônia é proposital desde o início. Logo após ser eleito em 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que iria propor ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que a 30º edição da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) fosse realizada na região.
“Acho muito importante que as pessoas que defendem a Amazônia, que defendem o clima, conheçam de perto o que é aquela região, para que as pessoas possam discutir a Amazônia a partir de uma realidade concreta e não apenas a partir de uma cultura através de leitura”, disse na época.
COP em Belém
Dos nove estados que compõem a Amazônia Brasileira, o Pará foi o escolhido para sediar o evento confirmado pela ONU durante a COP 28, em Dubai, no ano passado. A percepção de Lula de que os negociadores não conhecem a região é a mesma de Rayane Xipaia, que acredita que a edição trará um choque do que é a realidade.
“As pessoas vão observar de perto o que é a realidade amazônica e desmistificar muitas percepções que se tem sobre o que é viver dentro da Amazônia. Porque primeiramente quando a gente fala de Brasil, as pessoas associam muitas vezes à Amazônia, aos povos indígenas e vão chegar lá e ver múltiplas realidades, ver inúmeras formas de vida dentro desse espaço. E eu acredito que isso por si só vai ser um choque”.
Realidade
Segundo Xipaia, as pessoas vão ver que o local vai “além daquele Brasil que muitas vezes é vendido”, pois são múltiplas realidades e inúmeras formas de vida. Diante disso, então, ela tem expectativas positivas para a conferência na região.
“Eles vão observar que quando a gente fala sobre floresta amazônica a gente não necessariamente está falando somente sobre a mata em si, mas sobre múltiplas culturas e múltiplas vivências, é sobre as diversas formas de vida que existem lá”, disse.
“Então, eu espero que mude a percepção do que realmente é e do que realmente tem na Amazônia, e com isso desmistificar muitas coisas desses espaços a respeito da nossa região, dos povos indígenas e das demais populações que vivem lá”, acrescentou.
A COP 30 será realizada em Belém, entre 10 e 21 de novembro de 2025.
*Com ONU News e Agência Brasil
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). nesta matéria, o ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima.
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