O domingo foi de fortes emoções para os goianos. O corpo de Ari Júnior chegou à capital de manhã e na parte da tarde foi velado na Serrinha, onde reuniu amigos, fãs e familiares. Meirilaine Marques, viúva de Ari, quis agradecer publicamente o carinho e atenção de todos neste momento difícil, para isso, usou palavras escritas por Pedro Bassam, amigo de Ari e que trabalhou com ele durante anos. O texto se inicia com a trajetória do cinegrafista, que primeiro conquistou Goiânia e depois saiu para dominar o mundo através das imagens.
“No princípio era silêncio quando aquele goiano chegou para trabalhar na Globo. Todo mundo se perguntava como alguém era capaz de falar tão pouco. Logo, a gente descobriu que o Ari falava com os olhos e não falava em prosa, falava em verso. Aquele goiano caladão era um poeta do olhar, quando Deus criou o Ari queria provar para todo mundo que era possível construir um ser humano inteiro só com os olhos, coragem e coração. Em troca, teve que tirar da receita alguns itens e assim mandou para a terra uma pessoa sem mal humor, sem capacidade de reciclar, sem reclamar da vida, sem amargura, só cansaço, sem medo de encarar o que quer que fosse. Com a câmera no ombro, o Ari escalou montanhas de gelo, montanhas de pedra, desceu correntezas, subiu em árvores, cruzou o mundo várias vezes pela areia e pelo mar. Desafiou um vulcão de igual para igual” disse.
Meiriliane não conteve as lágrimas ao ler sobre a paixão que o marido sentia pelo trabalho. Imagens que somente ele conseguia captar e passar de forma tão verdadeira a emoção de momentos improváveis que se tornavam únicos através de sua lente. Para finalizar, agradeceu as várias formas de carinho e atenção que recebeu durante a semana.
“O choro as vezes é inevitável, mas a gente devia mesmo era sorrir porque lá no céu cada um de nós está sendo filmado. O DIvino Pai Eterno recomendou a devolução especial do Ari com a permissão que ele levasse a câmera lá para cima para continuar pintando paisagens e de vez em quando mostrando para Deus, que se espanta ao ver o quanto é bonito o que ele mesmo criou. São palavras de Pedro Bassam, com quem ele trabalhou por muitos anos. Eu quero muito agradecer todo mundo que um pouquinho, de algum jeito ou de outro, em orações, em amizade. Muito obrigada, tenho certeza que de onde ele estiver, ele vai estar muito feliz com isso”, finalizou.
O corpo do cinegrafista foi enterrado às 18h50 deste domingo (04), no Cemitério Memorial Parque.
