Ler é um hábito. Quem nunca escutou esta frase? Através da leitura é possível estimular a criatividade, melhorar a interpretação de texto, desenvolver o pensamento crítico, aumentar o vocabulário, melhorar a capacidade de argumentação e até mesmo ajuda a ter mais empatia.

Cristina Araújo, vice-diretora do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (Cepae/UFG), explica que a leitura é um hábito que não envolve apenas o mundo letrado, mas a percepção de quem somos e onde estamos. “A leitura do mundo precede qualquer outro tipo de leitura. Através da experiência com o mundo letrado e com as palavras temos experiências como seres humanos nas diferentes relações, com diferentes pessoas, nos círculos em que estamos envolvidos, e isso inicia nos primeiros anos de vida”, destaca.

Para a jornalista Isadora Picolo, o hábito de ler como uma não obrigatoriedade escolar surgiu aos doze anos de idade. Incentivada pela mãe que comprava gibis, Isadora queria estimular a imaginação. Hoje, ela conta que os livros, além de ser uma fonte de conhecimento, são seu principal aliado para esvaziar a mente e trazer descanso.

“Além de me fazer refletir e raciocinar, os livros me levam para um esvaziamento onde eu não tenho a obrigatoriedade de pensar e, sim, de sentir e viver aquilo que estou lendo. É um momento de muito descanso. Então, ao mesmo tempo que os livros têm uma importância para geração de conhecimento, eles também trazem o descanso. É uma antítese, mas eu acho que os livros conseguem se encaixar bem em todos os momentos”, ressalta.

Atualmente, Isadora lê em média quatro a cinco livros por mês. A meta da jornalista é ler cinquenta livros por ano. Na lista há diversos gêneros, estilos e autores. Tal diversidade contribuiu para seu desenvolvimento.

“A leitura ajudou muito na minha forma de falar, de me posicionar em determinados assuntos e, principalmente, na minha escrita. Eu pude comprovar isso também dentro da minha casa. Quando minha irmã era menor e não sabia ler, nós dávamos os gibis para que ela visse as imagens, entre minhas irmãs, ela foi a que aprendeu a falar e ler mais rápido. A prática da leitura como algo comum em casa, fazendo principalmente com que a criança cresça com isso e adquira a vontade de ler desde pequena, ajuda na aprendizagem nos primeiros anos de vida”, lembra.

O amor pelo hábito da leitura cresceu tanto que Isadora resolveu criar um canal no Youtube e um perfil no Instagram para compartilhar suas experiências literárias. “Boa parte das minhas leituras são de ficção científica, variando entre fantasia e romance. Eu gosto de falar disso por causa do escapismo que nós temos da realidade e gerar também a discussão sobre a imaginação e até onde os autores podem nos levar com estórias que fogem totalmente do que vivemos”.

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Foto: Reprodução/ Instagram Isadora Livros

Leitura na escola

A vida escolar exige outro tipo e exercício de leitura. São as práticas institucionalizadas na unidade escolar que servem para que os estudantes vivenciem experiências fora do ambiente familiar com acesso a vários tipos produtos de leitura para ampliação do conhecimento.

“Nossa sociedade produz diversos bens culturais que estão registrados pela leitura. É papel da escola fazer com que o aluno tenha acesso para desenvolver todas as habilidades relacionadas às competências discursivas de uma pessoa”, afirma Cristina.

Para garantir a distribuição de obras didáticas, pedagógicas e literárias, destinadas aos alunos e professores das escolas públicas de educação básica do País, foi criado, em 1937, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Ao longo dos anos o programa foi aperfeiçoado e teve diferentes nomes e formas de execução.

“Através do PNLD programas como Biblioteca na Escola e Literatura na minha Casa proporcionaram o acesso a livros literários que os alunos poderiam levar para casa. Apesar de ser uma estratégia que atualmente não continua, ela foi muito importante porque alunos e famílias que jamais teriam condição de ter acesso a clássicos da literatura puderam ter a partir desse programa”, relata.

Na avaliação da vice-diretora da Cepae/UFG, o PNLD e outros programas estaduais e municipais são fundamentais. Eles criam demanda para que os livros cheguem às mãos dos leitores. “Tendo acesso à leitura, o papel da escola é promover diferentes estratégias individuais, coletivas e lúdicas para que isso seja explorado ao máximo. O papel da escola é se colocar como uma instituição que vai lutar para que haja garantias de acesso à leitura”, finaliza Cristina.

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