Uma lei federal de 2009, a 11.947, diz que pelo menos 30% dos recursos financeiros da alimentação escolar devem ser da agricultura familiar, assentamentos da reforma agrária, comunidades tradicionais indígenas e quilombolas. Em Hidrolândia, por exemplo, o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Menino Jesus utiliza na merenda escolar das crianças alimentos de pequenos produtores da cidade.

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Na escola, além de cantar e aprender com as professoras, as crianças se deliciam na merenda com pão recheado de frango desfiado, alface, tomate, além de suco de pitaya. Frutas e verduras produzidas diretamente da agricultura familiar de Hidrolândia.

O cardápio das crianças é preparado pela nutricionista Priscila Rezende. Além de uma questão de legislação, há também a preocupação com a saúde das crianças.

“Os alimentos, frutas e verduras, que a gente compra da agricultura familiar e oferta aqui no CMEI, têm uma grande importância na saúde das crianças, porque são alimentos mais frescos, produzidos aqui na região, que a gente conhece a origem, chegam com maior qualidade e são ricos em vitaminas, minerais, que vão contribuir para o crescimento e desenvolvimento dessas crianças”, explicou.

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(Nutricionista Priscila Rezende | Foto: Reprodução/Sagres TV)

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é a política pública com maior potencial de combate à fome. Ao mesmo tempo, é garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável no Brasil. A integração da agricultura familiar com a comunidade escolar constrói uma relação benéfica em que uma depende da outra, segundo destaca a diretora do CMEI, Rosália Moreira.

“Essa relação depende uma da outra porque você valoriza o produtor e ao mesmo tempo ele traz esse produto de qualidade para nossa merenda escolar, que tem uma aceitação positiva. As crianças aceitam de uma forma tão prazerosa, porque tem alimentos que elas nem conheciam, como por exemplo a pitaya”, afirmou.

O PNAE foi criado em 1955 pelo nutrólogo e pesquisador pernambucano, Josué de Castro, autor do livro Geografia da Fome. O programa se estruturou e é o mais longevo do mundo em sistemas de alimentação educacionais.

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(Diretora do CMEI Menino Jesus, Rosália Moreira | Foto: Reprodução/Sagres TV)

Agricultura familiar

Um dos produtores locais que fornece alimentos aos CMEIs é o senhor Edson Siqueira. Na propriedade dele, são produzidas hortaliças, como alface, acelga e brócolis, e ele contou um pouco como é o processo de plantio até a colheita.

“Eu começo preparar o canteiro com tobattinha para a terra ficar bem fofinha, depois eu venho com a mudinha e começo a plantar. Sendo plantada hoje, daqui 45 a 50 dias já está pronta para tirar”, revelou o produtor como é trabalhar com alface.

(Alface plantado na propriedade do senhor Edson Siqueira | Foto: Sagres Online)

Edson Siqueira também explicou como é o sistema da acelga. De acordo com ele, o modo de plantio é bem semelhante com alface, mas há uma característica diferente na hora da colheita.

“O tipo de plantio da acelga é o mesmo sistema da alface, você planta a mudinha, e quando ela tiver com a cabeça bem fechadinha, a gente colhe, passa na água, lava ela e coloca dentro da caixa para levar às escolas. O tempo é mais ou menos o mesmo da alface, em uns 55 a 60 dias”, contou.

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(Produtor rural, Edson Siqueira | Foto: Reprodução/Sagres TV)

Depois de produzidos e colhidos, é a hora de levar os pedidos feitos pela Priscila para as escolas, papel feito pela esposa do senhor Edson, a Lídia Siqueira, que também ajuda o marido no campo.

“Na hora de levar para a escola, vamos distribuindo de acordo com a quantidade de cada uma de alface, couve, cheiro verde. Eu anoto no caderno depois que fazem o pedido e passo para a Priscila o pedido”, explicou.

(Produtora rural, Lídia Siqueira | Foto: Reprodução/Sagres TV)

De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021, a agricultura familiar emprega 10,1 milhões de pessoas, 67% de todo o pessoal no campo. Além disso, é a base econômica de 90% dos municípios com cerca de 20 mil habitantes, como é o caso de Hidrolândia.

Trabalhar com essa relação e poder levar comida saudável e de qualidade às crianças tem um sabor especial, segundo uma das merendeiras do CMEI. “Muito gratificante estar com as crianças, fazer a comida para elas. É tudo de bom, eu adoro as crianças e a turminha aqui”, revelou.

(Merendeira do CMEI Menino Jesus, dona Terezinha | Foto: Reprodução/Sagres TV)

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