O advogado Ércio Quaresma, que assumiu a defesa do goleiro Bruno, ex-atleta do Flamengo no lugar de Michel Assef Filho, disse, em entrevista exclusiva à RÁDIO 730 nesta quinta-feira (08), que está perplexo com a forma em que está sendo conduzido o caso do susposto envolvimento do atleta no desaparecimento da ex-amante, Eliza Samúdio.

“Fico assustado de ver a guerra entre a polícia de um estado (Rio de Janeiro) com a outra (Minas gerais). Me dizem que o menor falou em depoimento, papagaio também fala”, criticou, respondendo questionamento da repórter Gisele Pimenta.

Embora ainda não tenha conversado com o ex-jogador do Flamengo, Ércio Quaresma revelou que teve contato com outros investigados no caso, e disse que aceitou a defesa pois foi um pedido do ex-advogado, que, por ser funcionário do Flamengo, se afastou alegando conflito de interesses. “Tivemos uma conversa telefônica e me coloquei à disposição. Ele conversou com o Bruno, que aceitou. Tenho que agradecer a ele a confiança que me foi depositada”.

Ércio adiantou que vai reivindicar o direito de ter acesso ao inquérito e ao decreto de prisão temporária deixou claro o tom firme em que deve conduzir a defesa. “A brincadeira acabou. Tem gente presa. Ficam soltando notícias de que rotweiller comeu o corpo da moça. Olha só. Eu sou o rottweiler que come o fígado de imbecis”, afirmou.

O advogado prometeu não digerir o que chamou de “estupidez” dos que tentam cercear os direitos e garantias constitucionais do seu cliente – o goleiro Bruno – e reconheceu que, pelo fato do jogador ser conhecido nacionalmente, o caso tomou proporções imensas. “Ele era goleiro do time de maior torcida do país. Isso desperta interesse, paixão, ódio e tudo o que se imaginar”.

Para Ércio, há testemunhas que estão prestando depoimento sem que haja um procedimento legal. “O delegado de polícia chega, coloca no carro e leva para depor. A farra em Minas Gerais acabou. Ou esse povo aprende que tem que ter cordialidade e educação para tratar ou o caldo vai entornar da panela”.  

Ércio reiterou que quer ter acesso aos autos do processo para que possa elaborar a defesa e criticou o julgamento popular que Bruno tem sofrido, segundo ele, sem provas. “Quem falou que tem homicídio. Cadê o cadáver? Todos têm direito de defesa. Estão dizendo que meu cliente é matador e se começarem a dizer que o pai da Eliza é estuprador?”, questionou ainda.

OUTROS CASOS

Ércio Quaresma já atuou em outros processos de grande repercusão. Ele defendeu o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, condenado a 30 anos de prisão por ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang.

Quaresma também defendeu o borracheiro Fábio William da Silva Soares, que em janeiro deste ano matou, com oito tiros, a ex-mulher, a cabelereira Maria Islaine de Moares. As imagens do salão da vítima flagraram o assassinato.