Depois de quase 20 anos, o Brasil não atingiu, pela primeira vez, a meta para nenhuma das principais vacinas indicadas a crianças de até um ano, apontam dados de 2019 do Programa Nacional de Imunizações, analisados pela Folha.

Em entrevista ao programa Tom Maior da SagresTV, o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, ressalta a importância da vacina, que tem aumentado a expectativa de vida dos brasileiros em torno de 30 anos.

“A vacinação é uma das principais estratégias que a gente tem de prevenção e promoção da saúde. É calculado que no Brasil se tem aumentado em torno de 30 anos a expectativa de vida só com a utilização das vacinas. Então, é inegável o valor que as vacinas têm. Mundialmente, se calcula que sejam evitados em torno de 3 milhões de mortes de crianças por ano, graças a vacinação”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Em geral, a meta de vacinação de bebês e crianças costuma variar entre 90% e 95%. O primeiro patamar vale para vacinas contra tuberculose e rotavírus, e o segundo para as demais.

Entretanto, Em 2019, nenhuma vacina atingiu a meta entre o grupo de bebês e crianças até um ano completo. Em 2018, mesmo em queda, 3 das 9 principais indicadas a esse grupo atingiram o patamar ideal .

Doenças como difteria, sarampo, coqueluche, poliomielite, rotavírus, pneumonia, diarreia, rubéola e tétano… foram controladas ou eliminadas no Brasil após campanhas de vacinação, mas pode voltar rapidamente se o patamar de pessoas vacinadas cair, como ocorreu com o sarampo.

“A grande maioria da população mais jovem, nem conhecem essas doenças. Poliomielite, o último caso no Brasil foi em 1989, uma doença que foi eliminada pela vacina. Varíola, ninguém conhece mais, porque é a unica doença erradicada do mundo por vacina. A rubéola, atualmente, nós temos um certificado de eliminação. Tudo isso foi a vacina que conseguiu fazer. Então, nós temos que recuperar essas informações para as pessoas intenderem que não dá para ter uma falsa segurança”, alerta Juarez Cunha.

Em outros momentos, o Brasil chegou a ter até sete vacinas com cobertura dentro do ideal, com as demais próximas desse cenário. Agora, os números de 2019, trazem um novo alerta a um país reconhecido por ter um dos maiores e mais bem-sucedidos programas de imunização do mundo.

Assista à entrevista na íntegra no Tom Maior #96