‘DesConectados” foi o último documentário exibido pela Sagres sob a direção de Márcio Bigly. A produção foi realizada na cidade de Tanque do Piauí-PI. O filme mostra os desafios dos estudantes do ensino médio durante a pandemia de Covid-19 em função da falta de conectividade.

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Em entrevista à Sagres, o mestre em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e lotado na Superintendência do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação, Pedro Ivo Jorge de Faria, destaca a precarização da educação do campo, situação presente e nítida no filme.

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”Você percebe ali estudantes que, em certa medida, mediam sua realidade social com o trabalho no campo e na escola, meninas em situação de vulnerabilidade social, a gravidez na adolescência, e que durante o processo de pandemia essas desigualdades sociais foram mais uma vez escancaradas. É uma desigualdade social que desembocou para uma desigualdade educacional, e que já existe no Brasil”

De acordo com a gestora educacional do Sagres Educa, Kelly Bitencourt, a produção escancara principalmente o desfavorecimento de estudantes de escolas públicas em situação de vulnerabilidade em relação aos de instituições de ensino particulares, problema que ocorre em todo o país.

”As consequências são gravíssimas, a gente já vivenciou boa parte delas nesse período pandêmico, e elas não se encerraram. Quando tem um problema de conectividade, de acesso à internet, essa é só a ponta do iceberg. A gente precisa lembrar que esse problema de desconectividade , de falta de acesso à internet, reflete um recorte social bastante expressivo, principalmente aos estudantes de escola pública”, analisa.

Segundo Bitencourt, a conectividade, ou a falta dela, tornou-se mais um fator de desfavorecimento de estudantes em situação de vulnerabilidade social e econômica.

”Aqueles que estão mais bem preparados, acabam conseguindo vagas melhores. Aqueles que não estão, vão para o mercado informal. Então é uma cadeia de consequências bastante dramática e que a gente precisa continuar encarando com a mesma urgência que a pandemia trouxe. Não dá para olhar agora e dizer que o pior já passou”, conclui.