Conectar empresas que descartariam grandes volumes de alimentos e transformar em doações para milhares de famílias em situação de vulnerabilidade. O objetivo define a união de filantropia e tecnologia na qual consiste a startup Infineat, a primeira “filantech” do Brasil, que surgiu em 2017.

Com sede em São Paulo, a Infineat possui nove clientes em 70 lojas, entre grandes indústrias alimentícias, food services, supermercados e restaurantes. É deles que vem os alimentos que seguiriam para descarte.

“Fazemos a gestão completa dos alimentos que seriam descartados das empresas, que até então não encontravam solução contra o desperdício”, diz um comunicado no site da Infineat.

O redirecionamento desses alimentos, porém, parte da Infineat a pelo menos 60 instituições. Elas recebem as doações e distribuem para as famílias cozinharem em casa. Além disso, há o envio de marmitas com a comida já pronta.

“Garantimos entrega diária de alimentos de qualidade, combatendo diretamente a insegurança alimentar de milhares de pessoas”, diz a empresa em comunicado no site.

Economia e solidariedade

De acordo com reportagem da revista Exame, de janeiro de 2021 a setembro de 2022, a Infineat salvou mais de 840 toneladas de alimentos, além de complementar 1,5 milhão de refeições. Para comprar tudo isso em um supermercado, por exemplo, seriam necessários R$ 8 milhões. O cálculo, no entanto, se deu por uma parceria da startup paulista com a InfoPrice.

Atualmente, já houve economia de R$ 10,2 milhões. Até esta publicação, 1.060 toneladas de alimentos foram salvas pela filantech.

Os doadores, por sua vez, economizaram R$ 600 mil que seriam gastos para o descarte desses alimentos. Ao todo, 15 gestores de resíduos realizaram o mapeamento.

Menos emissão de carbono

Ademais, o impacto ambiental com o redirecionamento dos alimentos também é positivo. Segundo a ReFED, instituição estadunidense que combate o desperdício de comida e mede o passivo ambiental decorrente dele, a filantech evitou a emissão de 1.212 toneladas de carbono.

De acordo com Alexandre Vasserman, em entrevista à Exame, a Infineat verifica a conservação e a validade dos produtos antes de fazer a doação. Alimentos que não possuem essa descrição, como frutas e verduras, passam primeiro por uma avaliação da equipe da filantech.

A logística para envio dos alimentos, contudo, se dá por uma plataforma desenvolvida pela startup. Todos os alimentos são pesados e fotografados antes de sair para o destino. A Infineat, que iniciou a atuação em São Paulo, busca parcerias para levar a filantech para o Nordeste do país. Ações pontuais ocorreram na Bahia e no Rio de Janeiro, em razão de impactos causados pelas chuvas nesses estados.

“Desenvolvemos uma plataforma proprietária que, além de conectar as pontas a fim de permitir acesso a todos ao alimento, permite controle de cada detalhe: dos produtos alimentícios ao impacto gerado”. diz um comunicado na página da empresa na internet.

A equipe de dez pessoas, entretanto, se mantém por meio de doações institucionais. Só em São Paulo, mais de 800 famílias recebem alimentos da filantech.

Confira a seguir o relatório 2021/2022 da Infineat

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