Nesta quinta-feira (18), o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro volta ser disputado, com o jogo Bangu e Flamengo, no Maracanã. Naturalmente sem a presença de público e com um protocolo rígido a ser cumprido pelos atores da partida e pelos membros da imprensa envolvidos na cobertura.

Para atletas, membros das duas comissões técnicas e médicas serão exigidas as provas da observação rígida do protocolo adotado para o retorno aos treinamentos. Para os árbitros as obrigações serão as mesmas estipuladas para a imprensa: resultado do teste para a Covid-19 impresso, comprovando que o exame deu negativo; aferição da temperatura do corpo, para comprovar que não há evidência de febre, e o uso obrigatório de máscaras.

O retorno dos jogos foi uma grande vitória do Flamengo. O rubro-negro vem trabalhando pra isto desde abril, quando voltou aos treinamentos. Tentou com o governo estadual e não conseguiu, apelou para a prefeitura do Rio de Janeiro, encontrou resistência e aí entrou toda a sagacidade do presidente Rodolfo Landim, que foi até o presidente da República, levando consigo representante do Vasco da Gama, e conseguiu com Jair Bolsonaro a intervenção junto ao prefeito Marcelo Crivella, e este acabou autorizando o retorno dos jogos na cidade.

Como o decreto presidencial sobre as ações durante o período da pandemia, que estabelece que quem decide sobre o que pode e não pode são os prefeitos, o Flamengo conseguiu o que queria, e quando o Flamengo quer, o Flamengo não pede, o Flamengo manda… ficou provado mais uma vez.

O retorno dos jogos ocorre num dos momentos mais críticos da Covid-19, na Cidade que já foi chamada de Maravilhosa. Não há nenhum
Controle neste momento sobre o número de infectados – o Rio tem se proposto a confirmar o número de testes positivos e de mortes pelo coronavírus – as ações de proteção e tratamento da doença acabaram em denúncias (com muitas evidencias) de corrupção, com os milhões mandados pelo governo federal para este fim, sendo desviados para contas de agentes públicos.

Negar que o Flamengo quando quer, manda, é negar o óbvio. Mas o fato do Flamengo mandar não significa que todos vão obedecer. Fluminense e Botafogo mostraram isto é já disseram que não comparecerão para os jogos marcados para ambos. O Fluminense já marcou o retorno dos jogadores ao trabalho, para esta sexta-feira (19), com a realização da testagem em todo elenco e no estafe. O Botafogo nem isto fez ainda. As alegações das duas equipes são absolutamente pertinentes: o Rio de Janeiro é um poço fundo, repleto do Coronavírus e os dois elencos estão parados há mais de dois meses, ou seja, sem condições físicas ideais para o exercício da profissão, o que fatalmente acarretaria em sérias lesões. Resultado: o Campeonato Carioca 2020 vai parar inevitavelmente na Justiça.

De acordo com o advogado Paulo Henrique Pinheiro, um dos mais respeitáveis da área esportiva, Fluminense e Botafogo têm à disposição amplo leque de argumentos para ganhar a disputa nos tribunais, com destaque para duas questões: 1 – Não obstante ser a Federação Carioca de Futebol a organizadora da competição e ter poder de decisão, os participantes têm direito de voz em decisões em situações excepcionais, como é o caso; 2- A situação da pandemia no Rio de Janeiro. A Constituição Brasileira estabelece que a vida é o bem maior de todo cidadão e qualquer ação que a coloca em risco deve ser recriminada.