O programa Fraternidade em Ação desta semana repercute os assuntos que remetem à reflexão sobre o mundo, a vida e a paz de espírito.

O dominical vai ao ar às 9h DA MANHÃ, após o Raiz Brasileira com Justino Guedes, e tem a apresentação de Sebastião Ribeiro, Monica Fernanda, Jonathas Procópio, Zé Antônio e William Batista.

Edição e montagem: Roberval Silva ( voluntários).

Um oferecimento do Centro Espírita Caridade O Caminho.

Confira o tema do programa desta semana: A PENA DE MORTE

Livro: Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo — Entrevistas —Espírito Emmanuel

Lição 10

  1. — ALMIR — A pergunta seguinte cabe a Saulo Gomes.

SAULO — Em pelo menos dez estados dos Estados Unidos da América do Norte, ainda no Oriente Médio, em execuções recentes, produto das guerras e aqui no Brasil, em consequência de problemas políticos, nós temos um dos mais debatidos temas do mundo jurídico universal: a pena de morte. Como veem os espíritos que lhe iluminam e lhe acompanham, como vê, você, Chico Xavier, com a autoridade e responsabilidade a aplicação da pena de morte, por qualquer que seja o motivo em qualquer parte do mundo?

CHICO XAVIER — Nosso Emmanuel que está presente nos pede considerarmos, já que a personalidade de Nosso Senhor Jesus Cristo está recebendo o enfoque de nossos pensamentos e de nossas palavras, ele nos convida a recordarmos com a máxima veneração pelas nossas leis e pelas autoridades que as expõem ele nos solicita recordarmos, na condição de cristãos, a parábola do Bom Samaritano, um ensinamento considerado antigo, mas há dentro dele uma nota de profunda significação. É que, dentro da parábola, existem as qualificações, menos uma: Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu em poder de malfeitores que o feriram e o deixaram sem qualquer comiseração. Em seguida passou um religioso, que o viu e seguiu adiante. Em seguida veio um levita, que o viu também e passou adiante. Em seguida veio um samaritano, considerado homem até mesmo sem qualquer qualificação religiosa, mas era um samaritano e fez ali o papel da caridade, do amor que devemos uns aos outros. Em seguida aparece um hospedeiro. Todos os que apareceram foram qualificados pelo Senhor menos a vítima: a vítima era um homem. E o homem, seja quem seja, merece o nosso respeito. Os últimos, que estão nas prisões, por crimes catalogados em nosso Código Penal, eles são doentes, naturalmente que a Justiça exerce a função de medicina espiritual. Cada sentença é uma cirurgia no corpo espiritual daquele que necessitou da segregação para ser convenientemente tratado. Mas, nós somos cristãos. Não podemos censurar ninguém, mas devemos pedir a Deus para que os nossos magistrados, os responsáveis pelos nossos tribunais de Justiça se compadeçam de nós e que ninguém morra em nome da Justiça. Porque nós todos somos irmãos. O cárcere que evoluiu tanto depois de Jesus. Nós temos penitenciárias que são verdadeiras escolas. Conheço pessoalmente a penitenciária de Neves, a 18 quilômetros da terra em que eu nasci, que honra o Governo do Estado de Minas Gerais. Nós devemos acreditar que a Justiça terá recursos para criar sentenças de tratamento espiritual, para segregar a nós outros, quando nós estivermos em desacordo com os princípios de fraternidade e de respeito, que nos regem uns diante dos outros. Mas a pena de morte é alguma coisa que merece a nossa oração, pelos nossos magistrados, para que eles não percam a alma cristã, o coração cristão, que lutamos tanto para edificar. Dizemos isto respeitando as determinações da Justiça em nossos tribunais. Mas a vítima era um homem, um homem que na parábola não se sabia quem era, se ele era abastado ou menos abastado, se ele era amadurecido, se era jovem, se ele era um elemento da sexualidade dita normal ou uma criatura filiada a conflitos sexuais muito grandes, nós não sabemos a que raça pertencia aquele homem, de onde é que ele vinha, a que família pertencia, o que ele buscava. A vítima era um homem. E aqueles que estão considerados fora da lei são doentes que a Justiça saberá tratar, para devolver ao equilíbrio e à normalidade. Mas, a vítima, na parábola, podia ser um de nós.

ACERCA DA PENA DE MORTE

Livro: Cartas e crônicas
Espírito Irmão X (Humberto de Campos)
Médium Chico Xavier

Lição 21

Indaga você como apreciam os desencarnados a instituição da pena de morte, e acrescenta: — “Não será justo subtrair o corpo ao Espírito que se fez criminoso?
Será lícito permitir a comunhão de um tarado com as pessoas normais?”

E daqui poderíamos argumentar: — Quem de nós terá usado o corpo como devia?
Quem terá atingido a estatura espiritual da verdadeira humanidade para considerar-se em plenitude de equilíbrio?

A execução de uma sentença de morte, na maioria dos casos, é a libertação prematura da alma que se arrojou ao despenhadeiro da sombra. E sabemos que só a pena de viver na carne é suscetível de realizar a recuperação daqueles que se fizeram réus confessos diante dos tribunais humanos.

Não vale afugentar moscas sem curar a ferida.
Eliminar a carne não é modificar o Espírito.

Um assassinado, quando não possui energia suficiente para desculpar a ofensa e esquecê-la, habitualmente passa a gravitar em torno daquele que lhe arrancou a vida, criando os fenômenos comuns da obsessão; e as vítimas da forca ou do fuzilamento, do machado ou da cadeira elétrica, se não constituem padrões de heroísmo e renunciação, de imediato, além-túmulo, vampirizam o organismo social que lhes impôs o afastamento do veículo físico, transformando-se em quistos vivos de fermentação da discórdia e da indisciplina.

O tribunal terrestre jamais decidirá, com segurança, sobre a extinção do crime, sem o concurso ativo do hospital e da escola.

Sem o professor e sem o médico, o juiz de sã consciência viverá sempre atormentado pela obrigação de prender e condenar, descendo da dignidade da toga para ombrear com os que se dedicam à flagelação alheia.

A função da justiça penal, dentro da civilização considerada cristã, é, acima de tudo, reeducar.

Sem o entendimento fraterno na base de nossas relações uns com os outros, não nos distanciaremos do labirinto de talião, que pretende converter o mundo em eterno sorvedouro de males renascentes.

Jesus, o divino libertador, veio quebrar as algemas que nos jungiam aos princípios do castigo igual à culpa.

A educação é a mola do processo de redimir a mente cristalizada nas trevas.

Organizar a penitenciária renovadora, onde o serviço e o livro encontrem aplicação adequada, é a solução para o escuro problema da criminalidade entre os homens, mesmo porque o melhor desforço da sociedade, contra o delinquente, é deixá-lo viver, na reparação das próprias faltas.

Cada Espírito respira no Céu ou no inferno que formou para si mesmo…

Aqui, temos o “campo dos efeitos”, e aí, no mundo, o “campo das causas”. E enquanto a alma se demora no “campo das causas”, há sempre oportunidade de consertar e reajustar, melhorando as consequências.

Não é morrendo que encontraremos facilidade para a reconciliação. É aprendendo com as rudes lições do educandário de matéria densa que se nos apuram as qualidades morais para a ascensão do Espírito.

Ninguém, pois, precisará inquietar-se, provocando essa ou aquela reivindicação pela violência.

A lei da harmonia universal funciona em todos os Planos da vida, encarregando-se de tudo restaurar no momento oportuno.

Quanto ao ato de condenar, quem de nós se revelará em condições de exercer semelhante direito?
Quantos de nós não somos malfeitores indiscutíveis, simplesmente por não encontrar a presa, no instante preciso da tentação? Quantos delitos teremos perpetrado em pensamento?

Só a educação, alicerçada no amor, redimir-nos-á a multimilenária noite da ignorância.

Se você demonstra interesse tão grande na regeneração dos costumes, defendendo com tamanho entusiasmo a suposta legalidade da pena de morte, vasculhe o próprio coração e a própria consciência e verifique se está isento de faltas. Se você já superou os óbices da animalidade, adquirindo a grande compreensão a preço de sacrifício, estimaria saber se terá realmente coragem para amaldiçoar os pecadores do mundo, atirando-lhes “a primeira pedra”.

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