Em entrevista coletiva na noite desta quinta-feira (8/4), o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, afirmou que as 200 doses de vacinas contra Covid, apreendidas ontem em Senador Canedo, foram furtadas de dentro da câmara fria da Secretaria de Saúde de Goiás. A câmara fica em Goiânia. O funcionário de uma empresa terceirizada teve acesso às doses, segundo a polícia.

Foi montada uma força-tarefa para investigar a situação coordenada pela Polícia Civil, Judiciária e Militar, além da Guarda Civil de Senador Canedo. Até agora, a polícia chegou a duas pessoas que seriam as vendedoras das doses pela internet. Uma delas, que foi presa em Senador Canedo, onde foram apreendidas 20 ampolas, é um funcionário de uma empresa terceirizada especializada em manutenção de ar condicionado e equipamento de refrigeração. O homem tem 24 anos e negociava doses na porta de um supermercado da cidade.

“Após denúncia anônima, chegamos até o suspeito, que apresentou versões contraditórias, alegando que havia comprado essa vacina de outra pessoa. Fizemos a investigação e não temos nenhuma dúvida de que ele é o efetivo o furtador. Temos a assinatura dele no ingresso ao prédio”, afirmou o delegado Rilmo Braga.

O suspeito trabalha numa empresa de manutenção que, na última terça-feira (6/4), foi chamada para arrumar um problema na câmara de refrigeração, que acabou estragando devido às fortes chuvas da madrugada de segunda para terça-feira. O homem teria se aproveitado da situação ao entrar na câmara fria, onde as vacinas são estocadas, e furtado uma caixa com as 20 ampolas.

Segundo Rodney Miranda, antes desse episódio, o suspeito já havia furtado 4 ampolas na primeira vez que esteve no local de armazenamento, também para consertar os equipamentos de refrigeração. “Ele conseguiu vender todas as ampolas, cada uma por R$ 450. Esse valor ainda será analisado por meio da quebra do sigilo bancário e telefônico. É o que ele diz. Depois que conseguiu ter êxito no furto e venda, ao voltar na câmara fria, ele se aproveitou e furtou uma caixa com 20 ampolas”, informou o secretário.

Rodney explicou que essas pessoas que compraram as doses podem não ter sido imunizadas, já que as vacinas não estavam acondicionadas de forma correta. As 4 ampolas furtadas na primeira vez poderiam ser aplicadas em 40 pessoas. A polícia trabalha agora para identificar os receptadores, que podem responder por receptação qualificada e crime contra a saúde pública.

REVISÃO DE PROTOCOLOS

Após o episódio, o secretário de saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, anunciou que todos os protocolos de segurança da câmara fria estão sendo revistos. As falhas detectadas serão corrigidas, segundo ele. “Nós fazemos inventário periodicamente. Inclusive, no sábado fizemos a contagem e estava correta. Agora, todos os funcionários e prestadores de serviço passarão por verificações rotineiras. Vamos instalar câmeras dentro da câmara fria. E todas as recomendações serão repassadas às prefeituras de Goiás”, anunciou.

DOSES RECUPERADAS

A doses recuperadas foram submetidas à perícia hoje para identificar se o lacre foi violado ou não. Mas, segundo o secretário de Segurança Pública, as 200 doses não servem mais para imunizar a população prioritária, porque foram encontradas em situação irregular de acondicionamento. Todas as vacinas devem ser descartadas. O Ministério da Saúde foi comunicado dessa situação.

*Esta reportagem foi atualizada no dia 20 de abril. A polícia havia informado que o suspeito era técnico em manutenção, quando na verdade ele não tem habilitação para tal função.