Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) mostra que o garimpo ilegal desmatou o equivalente a 170 campos de futebol dentro do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, próximo à Terra Indígena Waiãpi.  

As informações dão conta ainda que em um ano houve um aumento de 304% na expansão do garimpo para dentro do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (entre 2022 e 2023) o que corresponde a uma área de 122 hectares. Entre 2021 e 2022, o desmatamento na unidade foi de 30 hectares. 

Os dados são obtidos através de observação de imagens de satélite. A região do Garimpo do Lourenço, zona rural de Calçoene (AP), distante 374 km da capital Macapá, teve um aumento de 174% da área afetada pela atividade garimpeira ilegal, entre os anos de 2020 a 2023.  

A região é uma das mais antigas em atividade no Brasil – a exploração no local teve início há mais de 130 anos, e os impactos ambientais relacionados ao aumento da atividade de garimpo ilegal na região são severos. 

Contaminação e danos à saúde 

Para obter 1kg de ouro são necessários 2,6kg de mercúrio – com isso as águas e o solo da região são muito afetados. A bacia dos rios Araguari e Cassiporé foi contaminada e essa contaminação chega diretamente à população próxima do curso de rios e igarapés. O impacto é percebido nos danos à saúde como tremores, insônia, perda de memória, convulsões, surtos psicóticos e em, casos extremos, a morte.   

Além disso, o uso do mercúrio na atividade garimpeira interfere diretamente na segurança alimentar na região amazônica, considerando que o peixe é uma das principais fontes de proteínas consumida, principalmente nas regiões ribeirinhas. Uma pesquisa coordenada pela Embrapa Florestas (PR) e parceiros estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro, como uma alternativa mais sustentável para o extrativismo.  

Combate ao garimpo ilegal

Em outubro de 2023, com o apoio do ICMBio e do Grupo Tático Aéreo (GTA), a Polícia Federal deflagrou na região a Operação Divertere. O objetivo era combater a extração ilegal de ouro e demais crimes ambientais cometidos na região da Unidade de Conservação Integral do parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, além de localizar maquinários usados pelos garimpeiros para a inutilização desses equipamentos. 

Na ocasião, foi identificado que a prática garimpeira desmatou, em poucos meses, uma área de mais de um milhão de metros quadrados, o que equivale a mais de 100 campos de futebol – além dos danos ao longo de mais de 300km no curso dos rios, causados pelo mercúrio.  

A Polícia Federal e do IBAMA pontuam que o Amapá é uma das regiões alvo dos garimpeiros que foram expulsos de áreas como a Terra Indígena Yanomami. A estimativa é de que aproximadamente 20 mil garimpeiros tenham sido expulsos desde o início das operações em janeiro de 2023. 

O parque  

Com 38.670 km², o Parque Montanhas do Tumucumaque ocupa 26,4% de todo o território amapaense, além de parte do norte do Pará. O parque faz fronteira com a Guiana Francesa e o Suriname, e possui uma fauna exuberante, como os grandes carnívoros onça-pintada e suçuarana, aves exóticas e várias espécies de primatas.  

Além disso, o parque nacional possui aldeias indígenas, das etnias tiryó, wayana, apalai, kaxuyana e povos isolados, como akurio. 

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13  Ação Global Contra a Mudança Climática 

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