O Monitor de Secas aponta para um agravamento da seca no Centro-Oeste, em parte de Goiás e Mato Grosso do Sul, durante o mês de maio. A área com seca grave em Goiás teve expansão, passando de 29,96% para 32,81%. A área total com o fenômeno também cresceu, indo de 91,11% para 98,2%. Em entrevista à Sagres, o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), André Amorim, destacou que esse avanço da seca ocorre em função de um conjunto de fatores que vem se acumulando e que em 2021, o fenômeno será ainda pior que em 2020.
“Em setembro, as coisas não estarão tão bem. A gente está com a umidade relativa do ar em estado de alerta, a região sudoeste do Estado tem a formação de um bolsão de ar quente. No final de semana, Rio Verde e Jataí estavam com 15% e 16% de umidade”, alertou.
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O mês de setembro é costumeiramente mais seco em boa parte do Centro-Oeste, por isso André citou o mês como período de preocupação. Em 2020, Goiás teve ocorrência de chuva abaixo do esperado, além de temperaturas altas, que causou a piora nos indicadores. O Estado registrou 100% de seca no território durante o período e ainda teve a ampliação de áreas com secas consideradas graves, passando de 40,39% para 49,34% entre agosto e setembro. As informações são da Agência Brasil, colhidas do site monitordesecas.ana.gov.br/.
O gerente da Cimehgo explicou que a seca em Goiás é relativa, ela acelera e desacelera e conforme a última atualização, o Estado tem marcado uma seca que vai de moderada até a extrema, com 98% do território com algum tipo de seca. “Pode ser mais fraca em alguma determinada região, mas na grande maioria e infelizmente em regiões produtoras nós estamos com uma seca mais grave”.

As mudanças climáticas vistas nos últimos anos, com fenômenos ocorrendo como o El Niño e o La Niña são, segundo André, ciclos que a humanidade tem enfrentado. “Em determinadas épocas nós temos um ciclo de boas chuvas, em determinadas épocas, como a que estamos agora, temos o pior cenário de chuvas em 30 anos”.
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Segundo o gerente, este ciclo poderia ter consequências mais leves caso os cuidados com o meio ambiente fossem levado mais a sério, com menos desmatamento. André afirma ainda que para passarmos por este período é necessário o esforço de todo o mundo. “São situações onde um paciente está doente e, realmente, ações têm que ser tomadas. Quando a gente fala de questões de mudanças climáticas, o globo terrestre tem que estar envolvido”.