Esta semana Goiânia completa 87 anos. O aniversário é dia 24 de outubro, por isso, esta semana o Manhã Sagres está trazendo matérias e entrevistas sobre a capital. Nesta terça-feira (20) o entrevistado convidado foi o promotor de justiça e historiador, Jales Coelho. Ele é autor do livro “A Invenção de Goiânia – O outro lado da mudança”.

 

Na entrevista Jales afirmou que a história está sempre em construção e explicou que sobre os “mitos de origem”, termo que significa que todo político tenta consolidar sua versão.

“Em Goiânia aconteceu exatamente isso. Com o golpe do estado novo, em novembro de 1937, foi editado pelo gabinete militar do estado de Goiás um livro chamado Como Nasceu Goiânia, de Ofelia Socrates, que consolidou a versão ludoviquista da mudança da capital”, conta.

Por algum tempo o livro citado pautou a interpretação sobre os contornos de Goiânia e de Goiás. O historiador explica que Goiânia teve como modelo a mudança de Ouro Preto, mas em alguns aspectos eles tiveram grandes diferenças.

“Você pode usar o modelo para segui-lo ou desvia-lo. Por exemplo, a grande tensão em Minas Gerais foi o debate sobre o local da nova cidade. As várias regiões de Minas queriam puxar a capital para próxima de si. Sabendo disso, em Goiás o interventor desviou dessa tensão antecipando-se a assembleia constituinte estadual de 1935”, relembra.

Contudo, quando a assembleia constituinte se reuniu em 1935 para decidir se a capital seria ou não construída em Campinas, ela já tinha cerca de dois anos de construções. “Eram gastos públicos. Isso tornou irreversível o local da capital”, explica o historiador.

Resumidamente, Pedro Ludovico começou a fazer investimentos em Campinas mesmo antes de ser definido que esse seria o local da capital. Porém, Jales explica que isso era correto do ponto de vista lega, uma vez que o regime da época era uma ditadura.

“Ele fechava em suas mãos o poder legislativo e o poder executivo. Porque ditadura é isso, não tem poder legislativo. Então, do ponto de vista jurídico ele fez correto”, avalia.

Diante disso, Jales compara que em Minas Gerais a Assembleia Legislativa regulamentou a previsão constitucional através de uma lei de 1983. Já em Goiás a capital iniciou sob o autoritarismo e transformou-se em democracia.