Goiânia é uma capital bonita e se orgulha disso. Mas o fato é que os moradores da cidade não contribuem para sua beleza. Muito pelo contrário: atentam contra ela diariamente ao espalhar lixo pelas suas largas avenidas arborizadas. Não há gari que vença o inesgotável trabalho de recolher os resíduos que o goianiense descarta em qualquer lugar, mas quase sempre no lugar errado.

{mp3}stories/audio/2013/AGOSTO/A_CIDADE_E_O_FATO_-_20_08{/mp3}

Em tempos modernos, em que as lixeiras estão sempre a menos de dois metros de todo ponto, jogar lixo na rua é uma total falta de civilidade. Mostra a falta de educação de um povo que ainda não consegue ver a cidade como um local coletivo, propriedade de cada um, mas também de todos. O goianiense ainda se sente único dono de ruas, praças, ônibus e até de locais públicos, mas particulares. Jogam lixo tanto nas avenidas como em bares e supermercados.  

Não se trata de falta de educação escolar, mas daquela que vem do berço mesmo. Da janela de carrões de luxo saltam latinhas e papeis e, nos sinaleiros, panfletos são descartados nas ruas sem nenhuma cerimônia.  Perto de lanchonetes a situação é ainda pior. O guardanapo que deveria seguir para a lixeira mancha a calçada em frente, deixando evidente a ignorância de quem frequenta o local.

Nas praças e ruas, o lixo humano se junta à falta de consciência dos donos de cachorro. Os pequenos animais de estimação viraram uma febre e estão em todos os lugares. Mas o que não virou mania ainda é recolher o cocô que o cãozinho faz na rua. As madames simplesmente disfarçam e deixam para traz a lembrança do passeio para outros pedestres pisarem.

A cidade do Rio de Janeiro começa hoje a multar quem joga lixo na rua. Um resíduo pequeno, do tamanho ou menor que uma lata de cerveja, vai gerar uma multa de R$ 157, os grandes, acima de um metro cúbico, custará ao infrator R$ 980. Mas Goiânia ainda está longe de tomar uma decisão ousada como essa. A prefeitura ainda luta para coibir o descarte de entulho na cidade. De acordo com a Comurg, por mês, mais de 60 mil toneladas de entulho é depositado irregularmente em lotes baldios e até mesmo em parques e áreas de preservação.

Se o goianiense não se sente constrangido em abandonar, em qualquer local, quilos de entulho quiçá um guardanapo usado ou um lata de refrigerante pela calçada. Ainda temos um grande caminho pela frente até a população de Goiânia entender que a cidade não é apenas usufruto dos seus moradores, é também para ser cuidada, preservada e amada. E que cuidar do próprio lixo é um ato de civilidade e educação. Goiânia merece isso.