O estudo apresentado pelo professor da UFG, Thiago Rangel, em live na manhã desta segunda-feira (29), mostra que Goiás precisaria de 2 mil leitos de UTI até o final de junho para evitar um possível colapso no sistema de saúde em meados de julho. No entanto, segundo o secretário estadual de Saúde (SES-GO), Ismael Alexandrino, o estado conseguiria chegar a, no máximo, 600.

“A gente não consegue chegar a 2 mil leitos de Unidade de Terapia Intensiva. Para chegar nesse quantitativo, nós precisaríamos de estrutura, equipamentos e medicamentos, que está com grande dificuldade no Brasil, e precisaríamos de pessoas. Não existem pessoas capacitadas no Brasil em quantitativo suficiente nem em Goiás para tocar 2 mil leitos a mais em um curto intervalo de tempo”, afirma.

De acordo com levantamento da SES-GO, apresentado pelo secretário, Goiás já chegou a 86,67% de ocupação das UTIs, ou seja, 195 leitos ocupados. “O ideal de UTI é funcionar com até 85%”, conclui.

Aumento do número de casos

Um gráfico apresentado pela superintendente de Vigilância em Saúde do Estado, Flúvia Amorim, em live com prefeitos goianos e o governador Ronaldo Caiado na manhã desta segunda-feira (29), mostra que Goiás está se aproximando dos estados com maior número de casos de Covid-19, como São Paulo e Amazonas.

Segundo a superintendente, no início da pandemia, com as medidas de isolamento adotadas, a curva da Covid-19 em Goiás aumentava lentamente, mas tem subido rápido nas últimas semanas, atingindo mais de 1 mil casos por dia, e uma média diária de cerca de 600 infectados.

“Se medidas não forem implantadas a gente pode sim ter um número de óbitos onde essa curva do estado de Goiás vai encostar em Manaus-AM e na curva de outros estados, que é tudo que a gente não quer nesse momento”, analisa.

Gráfico mostra que Goiás pode se aproximar de estados com maior número de casos no país (Foto: SES-GO)

Na live, o professor da UFG, Thiago Rangel, apresentou estudo mostrando que Goiás só aumentará o número de casos e mortes por Covid-19 e sofrerá colapso na Saúde se o isolamento social continuar em cerca de 36%. Segundo Flúvia Amorim, é preciso melhorar a testagem da população goiana, e acrescentou que este é um problema nacional.

“Não há necessidade de se testar 100%, mas precisa sim ser feito uma testagem que seja planejada, bem embasada, para que a gente tenha a noção do que realmente está acontecendo”, recomenda.

De acordo com Flúvia Amorim, o Estado de Goiás vem realizando o inquérito de base populacional, com kits recebidos pelo Ministério da Saúde em seis municípios com maior número de casos: Goiânia, Aparecida, Rio Verde, Goianésia, Itumbiara e Anápolis. O procedimento, que consiste na testagem aleatória de moradores desses municípios, já está na terceira fase.

Além do isolamento social baixo, a ineficiência no rastreamento e isolamento são outros dois pontos que a superintendente destaca como causadores do aumento no número de casos da doença em Goiás.

“Não adianta só testar, não adianta só identificar o caso sintomático. Se essa pessoa não ficar em isolamento, se essa pessoa não for monitorada. Infelizmente o que a gente tem visto é uma dificuldade de monitorar as pessoas que estão positivas e rastrear para saber se elas estão se movimentando ou não”, avalia.