O painel da covid-19 da Secretaria Estadual de Saúde (SES) registrou nesta segunda-feira (15) mais de 10 mil casos da doença em Goiás. São 10.028 pessoas contaminadas e 220 mortos. O Estado levou quase três meses para chegar a 5 mil casos. O primeiro registro foi em 12 de março, mas somente em 4 de junho esse número chegou a 5.023 doentes. No entanto, essa taxa dobrou em apenas 11 dias.

Em entrevista à Sagres 730 nesta segunda-feira (15) o secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, afirmou que a velocidade continuará alta a partir de agora e que essa taxa dobrará novamente ainda mais rápido. “Quando entra em uma curva de progressão geométrica, o tempo para dobrar o número de casos diminui bastante. Agora diminuiu de 15 dias, e é provável que dentro de uma semana nós dobremos o número de casos e isso vai encurtando até que boa parte da população esteja infectado”.

Apesar disso, a incidência da doença (número de casos por 100 mil habitantes) no Estado é um dos mais baixos do país. A incidência goiana é de 113,2 casos por 100 mil, contra 168,3 no vizinho Mato Grosso e 123,5 em Mato Grosso do Sul e de 758,5 no Distrito Federal. O Amapá lidera com 1.952,4 casos por cem mil. Seguindo do Amazonas com 1.364,5 casos por 100 mil; seguido de Roraima com 1.134,9 e do Acre, com 1.093,3. Para o secretário, alguns fatores explicam por que a incidência é mais baixa no Estado.

“São vários aspectos, um deles foi certamente o inicio precoce do isolamento social, é inegável que quanto mais as pessoas tem contato uma com as outras mais se transmite. O segundo é que a população de Goiás é uma população relativamente jovem, se comparado a outros estados. O terceiro aspecto é em consequência do segundo, por ser uma população mais jovem, tende proporcionalmente a ter essas cronicas. Então tem a questão comportamental e a questão da característica da população”, disse.

Sinais de alerta

O secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, detalhou à Sagres que são quatro sinais de alerta sobre o colapso na rede de saúde: Saturação de exames, falta de insumos; quantitativo de leitos; concorrência dentre vagas de covid e de outras doenças.

Alexandrino explicou que o primeiro ponto é o quantitativo de leitos disponíveis para covid-19. A taxa de ocupação de leitos tem aumentado e a taxa fica alta, a SES libera vai liberando alguns leitos de UTI. Ele citou que hoje, serão disponibilizados mais 10 leitos de Terapia Intensiva no Hcamp. “Então aumenta a oferta e diminui a taxa, mas de forma objetiva, sem ser porcentagem, o número de pacientes internados tem aumentado”, disse.

Nos últimos dias o risco de desabastecimento dos medicamentos essenciais às unidades de terapia intensiva têm preocupado médicos e gestores da área da saúde em Goiás. Após enfrentar um aumento significativo nos preços, em comparação ao início da pandemia, as unidades hospitalares simplesmente não encontram mais a medicação no mercado. Esse é o segundo sinal levantado pelo secretário de Saúde.

“O segundo ponto é a questão de insumos, sobretudo aqueles medicamentos utilizados para sedação, intubação, relaxante neuromuscular e até mesmo antibióticos, então medicamento é outro aspecto que começa apresentar bastante dificuldade”, afirmou. “Temos tomado atitudes alternativas em relação à gestão de compras, tanto de estoque maior, quanto o apoio da Organização Pan-americana de Saúde para aquisições no exterior”.

Outro aspecto é a saturação de exames. “O terceiro aspecto é a questão de exames, a rede privada expandiu no primeiro momento, nós abrimos para credenciamento só que essa expansão começa a apresentar sinais de saturação”, considerou. “O quarto aspecto, não menos importante, é que a necessidade de ampliação para paciente de covid, começa a concorrer diretamente com a necessidade de cuidados de outros casos, então a partir do momento em que os leitos passam a ficar cheios e não serem suficientes para o covid, começa concorrer com outras patologias, então agora fica muito evidente de quando falávamos de ameaça do colapso”.