Além dos cuidados cotidianos necessários com a malha rodoviária goiana, 2022 reserva para a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) mais desafios em função das fortes chuvas que atingem o Estado. Em entrevista à Sagres, nesta quarta-feira (26), o presidente da autarquia explicou que o Estado prevê investimento de cerca de R$ 1,2 bilhão. “É uma carteira grande, forte, e é o que é necessário para que o Estado evolua, trate a malha que está em situação crítica e possa expandir para novas pavimentações”, disse.

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Pedro Sales detalhou que, além das obras de construção feitas para facilitar o acesso aos municípios, geralmente cerca de 1,5 mil quilômetros de estrada precisam de reconstrução anualmente. “São rodovias que passam por um processo natural de envelhecimento, de desgaste, de [incidência de] chuva. O perfil do tráfego rodoviário no Estado de Goiás, por ser de mineração, lavoura, pecuária, agrava esse quadro”, destacou o presidente da Goinfra.

Só em 2021, segundo o presidente, foram realizados serviços de manutenção e conservação em 1,8 mil quilômetros. “Um bom resultado, mas longe do ideal”, argumentou.

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Além das rodovias, o governo estadual também investe na construção e reconstrução de pontes e bueiros. Sobre isso, Pedro Sales declarou que precisaria de, pelo menos, três governos para finalizar tudo. “A malha é muito extensa e a cada momento, a cada período de chuva, surge uma série de novas intercorrências. O que não pode fazer é parar, tem que fazer incessantemente”.

Goiás em Movimento

Com o Programa Goiás em Movimento, o governo de Goiás busca recuperar ruas e avenidas dos municípios goianos. De acordo com Pedro Sales, há uma cota separada para cada município e o prefeito pode escolher uma rua/avenida – estruturante, de pequenos centros urbanos – que precisa de restauração. “A Goinfra vai lá, com 100% de recurso estadual, prestação de contas toda feita pela Goinfra e, também, fiscalização pelo órgão”.

Segundo o presidente da Goinfra, a ideia inicial era licitar e recuperar avenidas em 100 municípios, mas diante da procura dos gestores municipais, mais 70 cidades foram inseridas no programa. Até o momento, porém, foram 22 municípios atendidos, com os 100 primeiros já licitados.

“Acredito que, sendo um ano bom, dá para fazer entre 80 e 100 municípios. Vamos fazer 75 que ficaram do ano passado e vou tentar mais 70 novos municípios, que estão em licitação. Os outros 75 já estão licitados aguardando o término do período de chuva”, frisou Pedro. Para esse serviço, é calculado um investimento total de R$ 130 milhões.

Hospital de Águas Lindas

Após identificar que a empresa contratada não conseguiria concluir a obra do Hospital de Águas Lindas, Pedro Sales contou que foi realizado um chamamento público, com vitória da empresa responsável pela construção do Hospital de Urgências de Goiânia Dr. Otávio Lage de Siqueira (Hugol). “Se o fornecedor for bom, as coisas acontecem. Então, estou muito entusiasmado por ter sido um fornecedor que, pelo portfólio, parece ser uma empresa com capacidade”, enfatizou o presidente.

Com a chegada dessa nova empresa, a previsão de entrega do Hospital de Águas Lindas é de 18 meses. “Houve uma ampliação do projeto original para contemplar novas especialidades, unidades, como maternidade e banco de leite”, explicou.

Eleições 2022

Questionado sobre a possiblidade de buscar uma candidatura nas eleições deste ano, Pedro Sales afirmou que tem focado mais em gestão do que em política, mas que agregou capital político com o trabalho feito na Goinfra. “A candidatura de quem não fez um trabalho político funciona da seguinte forma: você coloca seu nome à disposição e se as estruturas políticas quiserem te absorver você é absorvido”, comentou.

O presidente da Goinfra disse também que tem um perfil diferente da maioria dos candidatos e, por isso, acredita que pode ajudar caso eleito. “Eu vejo muito pessoal classista, ligado a alguma congregação religiosa e eu sou uma pessoa que vem mais da gestão”. Pedro Sales ressalto ainda que aguarda o convite de legendas partidárias e até um espaço na agenda do governador Ronaldo Caiado para que possa aprofundar as conversas sobre o tema.

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Confira a entrevista na íntegra:

Samuel Straioto: Como tem sido o trabalho da Goinfra e quais trechos têm recebido mais atenção?

Pedro Sales: Desde o início da nossa gestão, nosso trabalho tem sido muito esse de mapeamento de pontos críticos e planejamento de atuação sobre eles. Neste ano tivemos um período chuvoso muito intenso, fomos ao Nordeste Goiano para acompanhar todo o desenrolar das consequências das chuvas, identificar os trechos. Boa parte, nesse período de janeiro, que nos permitiu atuar, fizemos muitas obras, mas ainda temos muitas outras para fazer, e paralelamente a esse tratamento das chuvas, a gente tem que preparar a carteira para o ano. Então, viajei com Daniel [Vilela], José Mário, outros parlamentares para cidades em que a Goinfra tem obras importantes a realizar este ano, e não permitir que a gente chegue ao final da gestão com pontos críticos na malha.

Samuel Straioto: Quanto deve ser aplicado na construção e reconstrução de rodovias em 2022?

Pedro Sales: Nossa meta é praticamente nos aproximar de R$ 1 bilhão, R$ 1,2 bilhão, que é uma carteira grande, forte, e é o que é necessário para que o Estado evolua, trate a malha que está em situação crítica e possa expandir para novas pavimentações.

Samuel Straioto: Já dá para apontar algumas regiões que devem receber intervenções?

Pedro Sales: Estive no Sudoeste goiano, em uma rodovia importantíssima, que é a 184, que vai de Serranópolis até a divisa de Mato Grosso do Sul, um trecho de 91 quilômetros que vamos restaurar. Temos também obras importantes no Vale do Araguaia, a ligação de Goiás com Mato Grosso, saindo da GO-164. Temos a extensão da duplicação da 020, de Bela Vista até Cristianópolis, temos o retorno da obra da 010, a duplicação da saída até o trevo do batata. Tem muitas obras. 

Cileide Alves: Vimos que as chuvas em excesso em muitos pontos do Estado danificaram estradas, mas muitas delas já estavam em situações precárias. Qual é a situação do total da malha hoje?

Pedro Sales: A gente tem um estoque de aproximadamente 10% da malha, que eu diria que é algo em torno de 1 mil, 1,5 mil quilômetros que está sempre precisando de reconstrução. . Então, o ideal é que todo ano você faça aproximadamente 1 mil quilômetro de reconstrução enquanto você amplia a malha, que aí você não permite que esse estoque prejudique o usuário e, ao mesmo tempo, fazendo as novas ligações rodoviárias necessárias para o desenvolvimento das regiões, econômico e das cidades. Então, essa é uma meta que eu tenho. Ano passado a gente conseguiu um bom resultado, ainda longe do ideal, já mais acostumado com a pasta, com uma equipe mais consolidada, e este ano ainda melhor, mais bem estruturado, estou mais otimista. 

Cileide Alves: Desses 1 mil quilômetros, quanto foi feito em 2021?

Pedro Sales: No ano passado a gente orbitou em torno de 1,8 mil quilômetros. Foi um ano atípico, em que a gente se concentrou muito nisso, na conservação e manutenção da malha. Foi uma oportunidade que a gente tinha de recursos que apareceram, de contratos que a gente tinha condições de aplicar, condições de agir em lugares estratégicos. Tenho certeza que se eu não tivesse feito isso, hoje, com as chuvas que vivenciamos e todos esses problemas, o Estado estaria em colapso. Agora, neste ano final e daqui para frente, muito mais concentrado, mais energia gasta com novas pavimentações e manter a manutenção mais estática. Sem abandonar os pontos críticos.

Cileide Alves: Como está a manutenção? A GO-070 não devia ter passado por manutenção?

Pedro Sales: A GO-070 é uma rodovia que tem um problema crônico que desde seu primeiro ano de execução, de gestão anterior, já apresentava problemas. Então, como ela foi feita com problemas graves de projeto, você tem que ter uma manutenção especial para ela. Eu tenho uma equipe semanal que passa por ela. E mesmo assim, um buraco que você tapa, um trecho que faz um remendo ou outra coisa, nesse período do ano, de chuva intensa, aquilo vai durar aproximadamente 7, 8 dias, por conta da condição do pavimento. Então, o que nos cabe – para que não haja acidentes e não leve a desconforto, perda de trafegabilidade – é que a presença da equipe de manutenção, sobretudo nas radiais, tem sido e vista por todos que transitam.

Cileide Alves: A Goinfra hoje tem um programa fixo de manutenção com empresas contratadas? Tem uma fonte de recursos fixos? No governo anterior foi criado um fundo de transporte que hoje não existe mais, mas como é sustentado hoje o programa de manutenção?

Pedro Sales: A manutenção funciona com base na contratação de várias empresas. O Estado é dividido em regionais, a empresa que tem uma regional fica periodicamente atuando ali, com tapa-buraco, erosão, sinalização e todos esses serviços que estão relacionados à conservação. E ela é mantida essencialmente pelo Tesouro, porque o Fundo Constitucional do Transporte, que prevê alguns repasses provenientes do Detran, e federal, é insuficiente, é muito pouco. Como a malha é desgastada, que sofre no período de chuva, que precisa de alguma ação, em alguns trechos, semanal, o gasto é alto, infelizmente. Então, além do Fundo, a gente entra com recursos do Tesouro também. 

Cileide Alves: No ano passado, o governo lançou um programa de asfaltamento em trechos urbanos. Qual o balanço desse programa?

Pedro Sales: No passado, a Agência ajudava os municípios de uma forma muito informal e estranha, e não se tinha nenhum controle daquilo que era feito, como teria sido aplicado e isso gerou problemas até no Tribunal de Contas dos Municípios. Visando profissionalizar e formalizar um pouco mais essa ajuda do Estado para os municípios, nós idealizamos o seguinte programa: Temos uma pequena cota para cada município, sobretudo aqueles com maior dificuldade, e o prefeito indica a rua que está com mais problemas, sobretudo aquelas estruturantes, não pode ser de bairro. E a Goinfra vai lá, com 100% de recurso estadual, o prefeito não dá nada, a prestação de contas é 100% feita pela Goinfra e fiscalizado pela Goinfra, é contratada uma empresa especializada, que vai lá e faz o recapeamento da rua que o prefeito indicou dentro da cota. As cotas são correlatas às extensões dos municípios. Inicialmente eu tinha idealizado para 100 municípios e que iria conduzir ¼ desse número no ano passado e o resto neste ano, por questão de tempo. Licitamos os 100 municípios, fizemos 22 deles já, e houve uma grande procura, um grande frisson político, o governador acabou inserindo mais 75 municípios que estão em fase de licitação. Acredito que, sendo um ano bom, dá para fazer mais de 80 a 100 municípios. Vamos fazer 75 que ficaram do ano passado e vou tentar mais 70 novos municípios, que estão em licitação. Os outros 75 já estão licitados aguardando o término do período de chuva. 

Cileide Alves: Qual o valor total que o Estado vai investir nesses municípios?

Pedro Sales: Vai ficar algo em torno de R$ 120 milhões, R$ 130 milhões. Às vezes não consegue fazer tudo porque, às vezes, licita, a empresa não entra, outra recorre, administrativamente você tem alguns problemas que nem sempre consegue exaurir 100%. 

Cileide Alves: No início do governo foi feita uma previsão de se refazer muitas das pontes, dos bueiros. Já foi feito levantamento, como está esse processo?

Pedro Sales: Eu precisaria de mais três governos para fazer tudo que é necessário, infelizmente. A malha é muito extensa e, como eu falo, a cada momento, a cada período de chuva você tem uma série de novas intercorrências. O que não pode fazer é parar, tem que fazer incessantemente. No ano passado a gente construiu 80 pontes, acho que neste ano dá para fazer um número parecido. Os bueiros estão nesses contratos de manutenção, eles não param, toda hora tem uma equipe tratando bueiro, erosão. Então, a nossa produtividade de pontes e de manutenção, graças a Deus, tem sido o máximo da capacidade da Agência. A Goinfra tem servidores com idade avançada, poucos servidores, administrativamente já dando sinais de exaustão, se acelerar mais que isso você começa a ter problema. Então, dentro daquilo que é o quadro da realidade do possível, então a gente tem ido no nosso limite.

Cileide Alves: Goinfra também realiza outras obras físicas, como a construção do Hospital de Águas Lindas. Qual a previsão para esse hospital?

Pedro Sales: A gente está se especializando em novelas. A gente pegou uma no Hospital de Uruaçu, também com problema há décadas, contratos que iam e vinham, empresas que largavam, confusão, dívidas, ações, auditorias e uma série de coisas que a gente não conseguia caminhar para uma conclusão. A gente montou uma equipe especializada na diretoria de obras civis para esse tipo de situação mais complexa, de elite. Conseguimos destravar e em Uruaçu foi concluído o hospital, depois de 20 anos, e fizemos após 1 ano e dois meses de gestão. Não tenho dúvidas de que será absolutamente igual com Águas Lindas. A gente já entendeu o que está acontecendo, as empresas que se sucediam não tinham capacidade de concluir um hospital. É como se você tivesse que chegar daqui até Porangatu e você falasse que vai de bicicleta. Não dá. Quer dizer, a empresa não tem capacidade. Agora, no final do ano passado foi aprovado um projeto na Assembleia Legislativa que viabilizou obras que possam ter impacto imediato no combate à Covid e consequências, que é a estabilização da rede, por exemplo, colocar em dia as cirurgias, coisas que foram afetadas pela Covid. Fizemos um chamamento público e venceu a empresa que o Hugol, hospitais em São Paulo, então é uma empresa que tem muita musculatura, o que nos deixou muito entusiasmados. Se o fornecedor for bom, as coisas acontecem. Então, estou muito entusiasmado por ter sido um fornecedor que, pelo portfólio, parece – não conheço – ser uma empresa com capacidade. Vamos chegar ao final, são duas décadas. Estive lá, conheci os dados, li os relatórios da Secretaria de Saúde, é uma situação que nos envergonha enquanto cidadão. A gente ter aquele volume, aquele contingente de população sem hospital e a burocracia patinando, as pessoas brincando de participar de licitação achando que vão fazer hospitais. Isso tudo é muito ruim. Então, graças a Deus, agora a gente conseguiu um nível de amadurecimento desse processo, que me sinaliza que vai caminhar.

Cileide Alves: O contrato prevê a obra até quando? 

Pedro Sales: Como houve uma ampliação do projeto original para contemplar novas especialidades, unidades, como maternidade, banco de leite, eu acredito que o prazo lá seja algo em torno de 18 meses. Concluirá no próximo governo.

Cileide Alves: O senhor será candidato nas eleições agora?

Pedro Sales: Eu não vim para o Estado para fazer um trabalho político, mas para fazer um trabalho de gestão, que é a minha paixão. Mas ao longo do tempo a gente agregou algum capital político do desenrolar natural da nossa atribuição. Acredito que você pode ajudar na gestão, na política, acredito que hoje o Estado tem lá seus representantes, mas o meu perfil é um que não vejo com muitos representantes. Eu vejo muito pessoal classista, ligado a alguma congregação religiosa, eu sou uma pessoa que vem mais da gestão. Então, acho que eu conseguira ajudar. A candidatura de quem não fez um trabalho político funciona da seguinte forma: você coloca seu nome à disposição e se as estruturas políticas quiserem te absorver você é absorvido. Eu sou uma pessoa que não tenho um trabalho político e nem capacidade financeira de uma candidatura a deputado federal. Então, a minha candidatura depende de ser apropriada, se assim for entendido, por uma estrutura política. Se houver interesse do União pelo Brasil, de alguma estrutura da base, outro partido, a gente vai para o processo. Se não, não. 

O processo hoje em dia no Brasil é muito duro. Quando você entra para a vida pública e faz essa sinalização, você começa a ser agredido gratuitamente de todas as formas. Você vê, ontem a acusação leviana. O sujeito com um e-mail, sequer um documento, pela sua escrita indicando grave déficit de escolaridade, fazendo alegações avulsas a respeito desses contratos de manutenção. Lá vai você com 38 anos de vida limpa, ser colocado em dúvida. Então, é um processo muito duro, mas estou decidido que se for necessário passar por ele, a gente passa. Não é esse tipo de situação que vai nos abalar. 

Cileide Alves: Tem estruturas políticas interessadas em sua candidatura?

Pedro Sales: O normal é que até o presente momento a gente já tivesse. Mas no final do ano eu e o Ronaldo Caiado nos encontramos praticamente um chegando e outro saindo pelos quatro cantos do Estado nessas viagens de identificação da chuva. Então, ele foi viajando, vendo os problemas, me relatando aquilo que ele via para eu ir atrás e ver os contratos e empresas que iam resolver os problemas. Nós encontramos pouco. No começo do ano, que teríamos um pouco mais de momento reservado para isso, ele teve uma questão de saúde. Graças a Deus está bem. Imagino que nos próximos dias ele terá uma fala. Essa é uma conversa que não começa pelo secretário, ela começa de cima para baixo, pelos grupos políticos, presidentes de partido, atuais candidatos, deputados e depois que ela chega eventualmente no secretário ou não, conforme for decidido pelo grupo. As pessoas que têm trabalho político e dinheiro, tomam decisões por elas próprias. “Sou candidato, tenho dinheiro, partido” e vai. Eu não tenho nem um nem outro. Eu preciso colocar o nome à disposição e ver se alguém tem interesse em trabalhar nosso nome politicamente. Se não for, não tem problema, eu permaneço na gestão feliz e realizado. 

Samuel Straioto: Há previsão de concurso público para a Goinfra?

Pedro Sales: O concurso da Goinfra deve sair em breve, estamos estudando, com a Escola de Governo e uma área técnica nossa, serão 10 vagas a princípio, mas estou pleiteando 30, sendo 20 de cadastro de reserva para ir chamando na medida da disponibilidade orçamentária, e 100% do concurso será para área fim, engenheiros mesmo, Engenharia Civil e Rodoviária. Estou trabalhando para que ainda na minha gestão possa dispor da minha valorosa força de trabalho, mas vamos ver se administrativamente a gente consegue.