Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

O governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) rebateu as críticas feitas por Jair Bolsonaro (PSL). No mês passado, o presidente foi gravado se referindo aos estados do Nordeste como “paraíbas”, fato que ele próprio nega. 

“Ele é um político que vive de crises, de conflitos, de agressões, de ataques. É da essência da postura política dele, extremista, sectária, excludente, eu lamento muito tudo isso, porque eu respeitosamente defendo as minhas posições, não abro mão delas porque a Constituição me protege. Creio que é mais do que um direito, eu tenho um dever de dizer aquilo que penso, eleito que fui para representar a população de um estado”, afirma Flávio Dino, em entrevista coletiva durante evento da Federação Goiana dos Municípios (FGM) em Goiânia. 

Apesar dos ataques do presidente, Flávio Dino diz que tem agido em parceria como o governo federal, e cita a ajuda ao governo do Pará por conta da rebelião no presídio de Altamira, que deixou 62 presos mortos. 

“Eu cedi os agentes penitenciários do governo do Estado atendendo ao pedido do Ministério da Justiça, exatamente no meio dos ataques, mostrando que eu sei diferenciar o que é uma postura política errada da parte dele, da necessária parceria constitucional que a gente deve continuar a buscar. A minha atitude não muda. Espero que ele reflita melhor porque essa atitude beligerante diária contra tudo e todos não é um bom caminho para o Brasil”, avalia. 

Nesta semana, Jair Bolsonaro teria dito que condicionaria repasse de verba ao Nordeste a reconhecimento de governadores. Flávio Dino foi questionado sobre a declaração do presidente. “Nós seguimos o que a Constituição manda. E ela, no artigo 37, estatui e prevê o chamado princípio da impessoalidade. Então o presidente da República não pode pedir que um governante descumpra a Constituição. Eu não posso fazer propaganda pessoal dele, é inconstitucional”, afirma. “Aquilo que, de fato, for oriundo de parcerias com o governo federal é devidamente creditado da minha parte em relação ao governo federal”, complementa. 

PEC da Previdência 

Quando perguntado sobre a PEC que inclui Estados e Municípios na reforma da Previdência, Flávio Dino diz não acreditar que este seja o melhor caminho, e sugere que as modificações sejam feitas na proposta principal. 

“Me parece que não é o melhor caminho, uma vez que PECs paralelas no mais das vezes sendo posteriormente relegadas ao esquecimento. Tanto é que não participo desse debate diretamente porque não creio nele. Ou há um pacto entre Câmara e Senado envolvendo os governadores, o próprio governo federal, os prefeitos, para que as mudanças necessárias sejam feitas na PEC principal, ou particularmente eu não acredito que PECs paralelas resultem em alguma coisa”, afirma.