O Piauí será foco de uma iniciativa coordenada em nível nacional para conter o desmatamento no Cerrado, o segundo maior bioma da América do Sul. Em uma recente reunião entre ministros e governadores, ficou estabelecida a integração das bases de dados dos estados com o Governo Federal, visando aprimorar as medidas de combate a essa questão urgente.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve um aumento de 19% nos alertas de desmatamento em fevereiro, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, o bioma registrou uma perda de 3.798 quilômetros quadrados de vegetação nativa entre agosto do ano passado e fevereiro deste ano.

A situação é especialmente crítica no Matopiba, região composta pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, considerada a nova fronteira agrícola do país. Nessa área, quase 75% do desmatamento no Cerrado tem ocorrido. Dos 50 municípios responsáveis por metade dos desmatamentos, a maioria está situada na região. Além disso, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, expressou preocupação com as mudanças nos padrões de precipitação na região.

“Estamos observando uma mudança no regime de chuvas, sobretudo naquela região ali do Matopiba, uma diminuição no volume de água dos rios, na vazão dos rios, algo em torno de 19 mil metros cúbicos por segundo (m³/s) e outros problemas que podem criar graves situações em relação aos processos econômicos para a agricultura familiar, para o agronegócio”, explicou a ministra.

Desertificação

A desertificação das áreas circundantes ao Cerrado também é um fator alarmante. Portanto, a colaboração dos estados nesta iniciativa pode resultar na liberação de recursos do Fundo Amazônia para financiar ações de monitoramento e controle, visto que até 20% desses recursos podem ser direcionados a medidas em outros biomas.

“A grande participação de governadores é uma demonstração de que o problema será resolvido, em um pacto que envolve o Governo Federal, os governos estaduais, envolve o setor produtivo, a sociedade civil e a comunidade científica”, afirmou Marina Silva.

Compreendendo cerca de 25% do território nacional e sendo fonte de 40% da água doce do país, o Cerrado está presente em diversos estados brasileiros. Reconhecido como a segunda maior formação vegetal do Brasil e uma das áreas de maior biodiversidade global, estima-se que o Cerrado abrigue mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves, destacando-se como um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 02 – Fome Zero e Agricultura Sustentável; ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis

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