*Com informações do site Futebol de Goyaz

Fundado em 2 de abril de 1937, o Atlético Clube Goianiense comemora mais um aniversário nesta sexta-feira (2). Clube de futebol mais antigo ainda em atividade em Goiânia, o ‘Dragão’ se estabeleceu como um dos pioneiros do futebol goiano ao longo dos seus 84 anos. Entre tantas conquistas e histórias, um título conquistado há 50 anos tem uma história bastante peculiar por trás: o Torneio de Integração Nacional.

Competição idealizada pelo futebol goiano em 1971, o torneio surgiu como uma forma de protesto à exclusão de Goiás na primeira edição do Campeonato Nacional de Clubes, organizado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Ausentes da Divisão Extra, recusaram participar da Primeira Divisão, à época correspondente ao segundo escalão do futebol brasileiro, embora não existisse um sistema de acesso e descenso.

Ainda assim, o Torneio de Integração Nacional teve a chancela da CBD e reuniu 16 clubes, dos quais seis de Goiás – Anápolis, Atlético, Campinas, Goiás, Goiânia e Vila Nova -, além de outros dez, cada qual representando um estado – Botafogo-PB, Campo Grande-GB, Desportiva-ES, Fast Clube-AM, Fluminense de Feira-BA, Fortaleza-CE, Moto Club-MA, Náutico-PE, Ponte Preta-SP e União Bandeirante-PR.

Detalhes do time
  • Time-base: Pedro Bala (Ronaldo); Dida, Marcos, Tung e Jota Alves; Dezoito e Zé Geraldo; Claudinho (Luizinho), Dadi, Paghetti e Raimundinho. Treinador: Paulo Gonçalves

Disputado entre setembro e outubro nos estádios Olímpico e Jonas Duarte, em Goiânia e Anápolis, respectivamente, o Torneio de Integração Nacional teve jogos concentrados em um curto intervalo de tempo. Pelo seu sucesso na competição, o Atlético participou de nove jogos em um mês, desde a estreia em 18 de setembro até o jogo final em 19 de outubro naquele ano de 1971, com três jogos por cada fase.

Campeão goiano em 1970, o elenco rubro-negro já tinha uma base consolidada antes da chegada do então jovem treinador Paulo Gonçalves, que havia se destacado no Goiânia na sua estreia na função com o vice-campeonato de forma invicta. Casos dos históricos goleiros Pedro Bala e Ronaldo, do lateral-direito Dida, do zagueiro Tung, dos volantes Dezoito e Zé Geraldo e dos atacantes Claudinho, Dadi, Paghetti e Luizinho.

De toda forma, o grupo ganhou força com o zagueiro Marcos, o lateral-esquerdo Jota Alves e o atacante Raimundinho, este uma histórica indicação de Paulo Gonçalves. Todos fizeram parte do time-base atleticano, que contou com uma formação consistente ao longo do torneio, exceto as trocas entre Pedro Bala – ausente na segunda fase – e Ronaldo, enquanto Luizinho, apesar de não ser titular, também teve importante contribuição.

Campanha do Dragão

Na altura, segundo maior campeão goiano, o Atlético já tinha uma grande rivalidade com o Vila Nova dos anos 60 e começou a ver a ascensão do Goiás. Inclusive, colorados e esmeraldinos protagonizaram a final do Goianão em 1971, disputada semanas antes, em agosto, depois de terem tido melhor campanha que os rubro-negros na primeira fase. Nesse contexto, a disputa do Torneio de Integração Nacional ganhou uma conotação maior.

No Grupo C ao lado de Goiás, Fast Clube e Moto Club, o Atlético estreou com vitória por 3 a 1 sobre os amazonenses, com gols dos artilheiros Claudinho e Paghetti, este duas vezes. Três dias depois, sofreu uma derrota por 1 a 0 para o rival local, enquanto superou os maranhenses também por 1 a 0, novamente com tento de Claudinho. Após três rodadas, atleticanos e esmeraldinos avançaram com a mesma campanha.

Na segunda fase, em um grupo dominado pelos goianos, também com Anápolis e Vila Nova, o Atlético devolveu o 1 a 0 sofrido uma semana antes, sempre com Claudinho. No jogo seguinte, empate em 2 a 2 com o Vila Nova, com gols de Paghetti e Dadi, enquanto a vitória por 1 a 0 sobre o Anápolis na rodada final, com o quarto gol de Paghetti, artilheiro do torneio, garantiu a presença dos campineiros na final.

Líder da outra chave, a Ponte Preta chegou invicta na decisão, com três vitórias e três empates nas duas fases anteriores, favorita por ter uma equipe com jogadores mais conhecidos nacionalmente. No primeiro jogo, cumpriu a expectativa com uma vitória por 1 a 0 no Olímpico, em 13 de outubro. Por outro lado, na semana seguinte, triunfo atleticano também por 1 a 0, com gol contra do lateral-direito Marinho.

Dessa forma, a decisão acabou adiada para um terceiro jogo, definitivo para o título do Torneio de Integração Final, disputado dois dias depois, sempre no principal palco do futebol goiano na época, o estádio Olímpico. Depois de um empate sem gols no tempo normal, Luizinho, que substituiu Raimundinho, marcou o gol da vitória rubro-negra já na prorrogação, garantindo a primeira conquista nacional do futebol goiano.

Confira mais sobre o torneio

Entrevistado durante a edição 126 do programa Futebol de Goyaz e suas histórias, Paulo Gonçalves relatou que “o estado de Goiás ainda não vivia a tradição do futebol atual, então foi um sucesso muito grande, que mostrou Goiás para os outros estados do Brasil. Foi um torneio muito bom, bem disputado por várias equipes, o que deu uma ênfase muito grande ao futebol goiano, tanto que depois muitos jogadores saíram daqui. Foi uma festa enorme na época, uma verdadeira consagração”.