Mais um clássico goiano se aproxima. Na tarde deste sábado (5), Atlético e Goiás se enfrentam no último clássico da capital na temporada de 2016. Além da magia já inerte pelo momento das duas equipes, principalmente o do Atlético, várias são as ocasiões e protagonistas do confronto que fazem com que as duas torcidas se lembrem da história do clássico.

Um desses protagonistas é Janivaldo Marçal Chaveiro, ou simplesmente Marçal. O volante, que é natural de Silvânia, atuou tanto pelo Goiás, como pelo Atlético. Além de ter passagens pelo Atlético de Madrid, da Espanha, pelo Santa Cruz, do Recife, e pelo Otsuka, do Japão.

COMEÇO RUBRO-NEGRO

Marçal começou sua carreira no Dragão, chegou à equipe no início dos anos 80, em 1982, mais especificamente, e brilhou com a camisa rubro-negra até o ano de 1989, quando foi transferido para o Atlético de Madrid, na capital espanhola. Enquanto jogador do Atlético, Marçal relembra as ótimas atuações que apresentava no clássico.

“Por incrível que pareça, eu não joguei tanto quanto joguei quando estava no Atlético. Minhas melhores apresentações, no clássico entre Goiás e Atlético, foram quando atuava pelo Atlético, não sei por que”, contou.

Ainda revivendo momentos com o Dragão, o jogador narrou a final do campeonato regional de 1985, na qual Goiás e Atlético se enfrentaram e Marçal teve o êxito de marcar um dos três gols do Dragão na ocasião, levando para Campinas o caneco que há 20 anos não circulava pelas ruas do bairro.

“Recordo-me, em 1985, quando nós (Atlético) vencemos por 3×0, eu fiz um gol na decisão da competição e ganhei o prêmio de melhor jogador da partida. Na maioria das partidas, sempre joguei muito bem vestindo a camisa do Atlético contra o Goiás. Fazia 20 anos que o Atlético não era campeão”, disse.

PROFISSIONALISMO ESMERALDINO

Após temporada na Espanha, Marçal voltou para o Brasil atuando ainda pelo Atlético, no ano de 1990. No mesmo ano, no entanto, o volante foi jogar no Goiás, num momento que o próprio atleta destacou como de “turbulência”, já que não estava recebendo do clube rubro-negro.

“O Goiás sempre foi um clube altamente profissional, eu não posso questionar nada, sempre me tratou bem, sempre respeitou tudo o que foi conversado e assinado na época da minha transferência. Eu saí do Atlético para o Goiás numa turbulência, eu não tinha recebido nada, tive que esperar uma decisão judicial para poder jogar. Negociei com o Goiás e ele foi corretíssimo comigo”, contou.

SATISFAÇÃO DOBRADA

Apesar da desavença judicial que teve com o Atlético, Marçal deixa bem claro a satisfação de ter jogado com a camisa rubro-negro, com a qual iniciou sua carreira no futebol. Além disso, ele salientou, também, a satisfação de ter vestido a camisa do Goiás, ressaltando respeito e gratidão pelas duas equipes.

“Quando cheguei no Atlético, em 1982, no ano seguinte, eu já estava atuando no time profissional. Comecei minha carreira no Atlético e, evidentemente, tive o prazer de atuar pelo Goiás, equipe que eu e minha família temos um carinho enorme. E pelo Atlético, evidentemente, por ter iniciado, ter feito os meus pais e muita gente da minha cidade, Silvânia, passarem a torcer, por causa de mim”, disse.

O volante enalteceu a estrutura do Goiás, que já era exemplo naquela época, e também a organização da equipe enquanto instituição profissional de futebol. “Não posso menosprezar o Atlético e tenho que enaltecer o Goiás, é o maior do centro-oeste, o clube mais organizado, uma estrutura diferenciada, então tenho muito que agradecer a essas duas agremiações”, contou.

FASES DIFERENTES

Perguntado em qual dos dois times preferiu jogar, Marçal foi demagogo. Ponderou que foram duas fases diferentes de sua vida e que, no aspecto técnico, seu melhor momento foi no Atlético. Mas, no aspecto financeiro, o Goiás tem sua preferência.

“São duas fases diferentes, financeiramente, foi melhor no Goiás. Tecnicamente, foi melhor no Atlético. Eu peguei um momento totalmente diferente do que é hoje, hoje o atleta é passe livre, na minha época, era passa preso”, explicou.

MOMENTO ATUAL

Hoje com 50 anos, Marçal é o presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás e se sente honrado de poder ajudar os atletas e os clubes goianos, não se restringindo apenas às duas equipes em que atuou.

“Eu tive a felicidade de vestir a camisa do Atlético e do Goiás, tenho um carinho enorme pelas duas equipes e, deixando a modéstia de lado, pelo futebol goiano, trabalho no sindicato, represento os atletas, defendo os atletas e também ajudo os clubes”, contou.

Sobre o momento atual dos rivais do próximo sábado, o volante pontuou as fases distintas das equipes e frisou que, tecnicamente, o Goiás não pode ser comparado com o Atlético, já que o Dragão é o líder da competição e o Esmeraldino brigou, desde o início da Segundona, na parte debaixo da tabela.

“Financeiramente, não se comprara o Atlético com o Goiás, o Goiás está num patamar totalmente diferente. Em contrapartida, no aspecto técnico, o Atlético não pode se comprar com o Goiás na competição, iniciou a competição brigando em cima e o Goiás brigando em baixo”, disse.

Marçal ainda lamentou a situação do Goiás na temporada, ele criticou as contratações de jogadores, de diretores de futebol e o mau planejamento da equipe esmeraldino, visto que tem uma das maiores receitas da Série B.

“É doloroso ver o Goiás não subir, mas o futebol é isso. Várias contratações não deram certo, uma receita diferenciada e desde o início da competição briga por baixo. É uma decepção, troca de treinador, um quantitativo enorme de jogadores. Erros em contratações e erros até mesmo em diretores de futebol que foram contratados e já foram embora”, disse.

O CLÁSSICO

Atlético e Goiás duelam no próximo sábado, dia 5, às 17h, no Estádio Serra Dourada. A partida será válida pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. As duas equipes vivem momentos distintos na competição, o Atlético é o líder, com 61 pontos. O Goiás ocupa a 13ª colocação, com 44 pontos, sem chances de acesso e nem risco de rebaixamento.