Além da doença causada pelo coronavírus, a pandemia teve um grande impacto na saúde mental da população. No Brasil, uma das soluções encontradas pelo Ministério da Saúde (MS) para amenizar esses impactos foi a disponibilização de uma verba para ser investida em medicamentos para a saúde mental.

De acordo com as informações do MS, o valor deve ser encaminhado direto ao Fundo Municipal de Saúde em parcela única. Os valores destinados a cada localidade foram definidos com base no número de habitantes e no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).

Em entrevista ao Sagres Online, a professora do curso de Psicologia da Faculdade de Educação da UFG (FE), Naraiana de Oliveira Tavares, conversou sobre os fatores ligados a pandemia que podem ter gerado danos à saúde mental das pessoas nessa pandemia.

Segundo ela, os atingidos foram pessoas que trabalham na linha de frente, como os profissionais da saúde, tanto aqueles que não trabalham nessas áreas. “Todos que trabalham na saúde e os que não trabalham sofreram psicologicamente com a pandemia”, afirma.

“Na forma que a pessoa vai ao trabalho e se depara com as condições precárias de trabalho, seja a falta de EPI ou condição de exaustão, isso acaba causando um impacto mental na pessoa”, explica a psicóloga.

Quanto as pessoas que não estão na linha de frente Naraiana destaca que há a interferência na esfera psíquica social. Segundo ela isso ocorre por conta do isolamento, que não é de costume para os brasileiros, e polo distanciamento com parentes e amigos que contraíram a doença e morreram.

“A partir do momento que ela entrega a pessoa no hospital ela perde todo contato com aquele ente querido, depois de internado o contato é apenas por mensagem. No caso dos pacientes que morrem, quem está do lado de fora vê apenas um saco preto. Isso pode desenvolver o luto patológico”, destaca.

A psicólogo levanta o tema que é uma das questões que talvez a mais difícil para o ser humano nesse período de pandemia, a perda do velório. Segundo Naraiana, esse ritual, que é realizado em todas as culturas, é muito importante para a aceitação da perda. “Velar o corpo é um ritual que faz a pessoa se desligar emocionalmente daquele corpo”.

Dili Zago é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Faculdade Araguaia, sob supervisão da jornalista Tandara Reis.