As fake news (notícias falsas), infelizmente, são uma realidade. Todos os dias, pessoas recebem em seus smartphones uma enxurrada de informações, sejam elas verdadeiras ou não. E nesse momento de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), torna-se recorrente a falta de esclarecimento sobre o assunto. Em entrevista ao Tom Maior da SagresTV, nesta quarta-feira (27), o biólogo, doutor em Ciências e coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do Centro Universitário Internacional Uninter, Rodrigo Silva, levantou o tema “Infodemia: a pandemia de desinformação”, para discutir a gravidade das falsas notícias.

De acordo com o biólogo, o termo “infodemia” significa epidemia de informações falsas. As pesquisadoras Emma Spiro e Kate Starbird, da Universidade de Washington (Seattle/EUA), estão investigando como a desinformação está se espalhando durante a pandemia da Covid-19 e como os conhecimentos científicos influenciam as percepções públicas.

“O meme é uma das formas para nós informarmos as pessoas do que nós conhecemos, seja por meio de meme, por meio de vídeo ou uma reportagem, nós podemos informar. Mas, também, nós podemos desinformar. Quando nós falamos de infodemia, isso é algo muito grande, maior do que a gente pode imaginar. Um exemplo clássico que estamos vivendo sobre as fake news, é em relação ao uso da cloroquina, “usa cloroquina, não usa, faz bem, faz mal, quando tem que usar”, enfim. A gente recebe esse tanto de informações, algumas delas são verdadeiras, outras são falsas”, afirma o professor.

O coronavírus já foi tratado como arma biológica produzida em laboratório, já foi uma conspiração dos mais ricos do planeta para alterar os valores de compra e venda de ações, já veio do morcego, do pangolim, já foi culpa dos chineses, dos italianos, já foi letal e agora não é mais. Tudo isso influenciou Rodrigo Silva para discutir as informações que chegam até nós.

Com tanta desinformação, Rodrigo aconselha as pessoas a pesquisarem sobre o assunto, refletir criticamente e, sempre que possível, checar a sua veracidade. “Fica sempre aquela pergunta, “como eu vou determinar ou como eu vou distinguir se uma informação é verdadeira ou falsa!?”, aí eu vou dizer como digo para muitas pessoas, você precisa saber filtrar, precisa fazer uma pesquisa”, alertou.

Mesmo assim, um levantamento da Avaaz apontou que cerca de 100 milhões de brasileiros, sete em cada dez internautas, acreditaram em pelo menos uma notícia falsa sobre a Covid-19. Os resultados da pesquisa demonstram ainda que o alcance da disseminação de informações falsas no Brasil é enorme, 141 milhões de pessoas identificaram pelo menos uma fake news sobre o novo vírus.

“A pandemia é um sinal muito interessante de tudo isso que estamos vivendo, o universo vem nos dando sinais de que nós precisamos realmente mudar drasticamente a nossa forma de viver. A covid-19, veio simplesmente para mostrar ao mundo, as nossas mazelas, como: pobreza, exclusão, violência de gênero, enfim. É importante ficarmos atentos a isso para que a gente possa mudar. Quando as pessoas falam, “eu espero que a vida volte ao normal o mais rápido possível”, eu digo sempre que não espero que a vida volte ao normal, porque o normal como era já não cabe mais no mundo que a gente vive hoje”, relatou Rodrigo Silva.

“Isso faz com o que a gente repense, inclusive na nossa forma de lidar com a economia, que tipo de economia é essa que dois meses parada, acaba o mundo!? A gente não pode mais continuar vivendo dessa forma, é uma economia muito frágil, e prejudica principalmente os mais pobres”, afirma, e ressaltou a importância de sempre refletir sobre os sinais.”Precisamos poder interpretar os sinais, para poder fazer uma discussão mais profunda”, conclui.

Assista à entrevista na íntegra a partir de 1h22m