O prefeito Iris Rezende vai encerrar sua carreira política, em 31 de dezembro, como prefeito de Goiânia e isso não ocorre por acaso. Ele foi o prefeito eleito que mais tempo comandou a prefeitura. Em mais uma reportagem da série sobre o aniversário da capital, confira como as histórias de Goiânia e de Iris Rezende se entrelaçam, como ele enxerga a cidade que conheceu há 71 anos e qual legado imagina que deixará aos goianienses.

Pouca gente sabe que Iris Rezende Machado sentou-se pela primeira vez na cadeira de prefeito de Goiânia em 2 de dezembro de 1959. Ele e a capital tinham apenas 26 anos de idade nesse primeiro encontro. Eram “brotos”, como se dizia na época.

Iris Rezende foi prefeito interino, por apenas 15 dias, durante a licença do titular Jaime Câmara e do vice-prefeito, Licardino de Oliveira Ney. Ele era vereador e presidente da Câmara e aquela interinidade fazia parte de sua estratégia de, um dia, disputar a eleição para o cargo. Sua posse foi uma manobra política ele articular com a Câmara a aprovação de um projeto de lei de interesse da gestão de Jaime Câmara.

Goianos do interior de Goiás, paulistas, mineiros, baianos, entre outros, migravam para a nova capital atraídos pelo sonho de uma cidade nova e moderna, que àquela época mal tinha asfalto, energia e água potável. Passados 15 dias, Iris voltou a ser vereador e seguiu em seu projeto político. Elegeu-se deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa, até, enfim, disputar a eleição para a prefeitura de Goiânia, em outubro de 1965, seis anos depois de sua interinidade como prefeito.

As histórias de Iris Rezende e da capital se confundem. Ambos são de 1933. Iris chegou à cidade quando os dois tinham 15 anos de idade. Aqui ele cresceu profissionalmente e politicamente, paralelamente ao desenvolvimento da capital.

Goiânia já teve 21 prefeitos, entre eleitos e nomeados. Em dezembro, quando completar seu quarto mandato, Iris Rezende terá sido prefeito por 13 anos e 15 dias, o que mais tempo ficou no cargo como prefeito eleito. Venerando de Freitas Borges, o primeiro a administrar a cidade, ficou por 14 anos, mas 10 deles nomeado pelo governador Pedro Ludovico. Venerando se elegeu pelo voto direto apenas em seu último mandato, em 1951.

Nion Albernaz foi o terceiro prefeito que mais tempo administrou Goiânia. Ele exerceu o cargo por 10 anos 9 meses, 3 deles como prefeito nomeado por Iris Rezende quando este era governador, em 1983.

Prestes a se aposentar, Iris Rezende faz um balanço de seu relacionamento com a cidade, nesta entrevista exclusiva à Sagres 730 e reconhece: para ele, o período mais marcante e mais difícil à frente da prefeitura, foi primeiro, entre 1966 a 1969.

E qual foi sua maior realização como prefeito? Iris recorre a sua infância rural e ao primeiro mandato para responder essa pergunta: a implantação do mutirão, em seu primeiro governo.

O prefeito que firmou sua imagem de construtor de obras ao longo de sua carreira, a ponto de dedicar seu último mandato a mudar a feição física da capital, acredita que seu legado a Goiânia não vem do asfalto, dos viadutos ou das praças, mas de algo nada visível, a solidariedade entre os moradores.

Goiânia é formada por uma mistura de vários brasileiros. Os que chegaram na época de sua fundação, nas décadas de 30 e 40, e mais, recentemente, por maranhenses, cearenses, paraenses, entre outros, que vieram a partir da década de 80, quando a migração brasileira se redirecionou para a região central do país.

Iris Rezende avista esta cidade de uma ampla janela de seu gabinete no Paço Municipal e a enxerga a partir desta mistura de gentes e de culturas. Essa cidade especial faz 87 anos de idade neste 24 de outubro de 2020 e Iris completará os mesmos 87 anos em dezembro. Goiânia e seu prefeito mais longevo agora vão se separar: cada um seguirá por seu caminho.