No início da tarde desta terça-feira (25), o advogado João Bosco Luz concedeu entrevista exclusiva à Rádio 730 para elucidar questões envolvendo as punições contra torcidas organizadas, que vem tomando conta dos noticiários no país. João Bosco é ex-presidente do Goiás e membro do pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

O advogado explicou a nova forma de punição às torcidas organizadas, com a qual a torcida do Goiás já foi punida: proibição da entrada de artigos alusivos às organizadas e perca da capacidade do estádio, retirando a área reservada às torcidas. Ele se mostrou favorável ao método punitivo, justificando que é uma forma de não afetar o torcedor comum que vai às praças esportivas.

Além disso, João Bosco salientou a necessidade de haver uma força tarefa entre todas as esferas de autoridade do Estado para que a violência nos estádios tenha fim e classificou o cenário atual como reflexo do que acontece fora dos estádios. O advogado também falou sobre o atual momento do Goiás, demonstrou apoio ao presidente Sérgio Rassi e deu a receita para o Esmeraldino se recuperar na próxima temporada.

NOVA PUNIÇÃO

“O problema da torcida organizada não é a torcida organizada em si, mas o mau uso da marca da torcida organizada, são pessoas infiltradas. O STJD tem uma prerrogativa constitucional, que é apenas quanto à competição e às infrações disciplinares e essa questão das organizadas há muito tem sido vinculada à imagem ao clube. E a partir dessa análise de que ela é um órgão de apoio ao clube, o STJD entendeu que pode punir a organizada não de forma direta, mas de forma indireta, tirando dela o direito de estar presente nos estádios por determinado período”.

“Quanto ao torcedor em si, o STJD não pode fazer nada, porque ele não exerce a jurisdição do próprio torcedor, isso é da esfera judicial, é competência da polícia militar, da polícia civil e da justiça. Quando eu assumi como auditor do pleno do STJD, comecei a discutir com os meus pares essa questão de perda de mando de campo como punição, assim você atinge todos os torcedores. Se a torcida organizada comete infração, você retira dela a condição de estar no campo e dá direito aos demais torcedores de acompanhar o time”.

PROBLEMA DA ESFERA SOCIAL

“O problema da violência nos estádios é que ela nada mais é do que o reflexo do que acontece fora deles. Hoje, nós temos a banalização da violência. No Brasil, ela está disseminada e generalizada em todos os cantos do país. Para você combater com eficiência a violência nos estádios, você tem que combatê-la fora do estádio. Não dá para resolver uma coisa sem resolver a outra. Se não houver um esforço concentrado das nossas autoridades constituídas, nós não vamos conseguir resolver o problema, porque se aplica no âmbito do estádio o estatuto do torcedor”.

“Os crimes normalmente cometidos nos estádios, para a autoridade policial civil, são delitos de baixo potencial ofensivo e fica difícil enquadrá-lo para lavratura de TCO e levar o autor do delito para o juiz. São muitas dificuldades que tentamos superar, mas tenho esperança que um dia vamos chegar a uma legislação ideal, aplicável e que tenha punição e repressão do Estado contra esses indivíduos que vão para o estádio provocar esse tipo de confusão”.

GOIÁS E APOIO A RASSI

“Na nossa gestão, tivemos um ponto que é o recurso de maior relevância possível para termos conseguido as campanhas que conseguimos, que foi a manutenção da comissão técnica. O profissional, quando ele assume, ele precisa de tempo. Quando você une vários atletas com características diferentes, fica difícil para um profissional montar uma equipe e torná-la competitiva num espaço de tempo muito curto, temos que ter paciência. Para 2017, o Goiás já começa por um caminho muito bom, o Sérgio já está pensando no planejamento de 2017 e acredito que com esse planejamento bem estruturado, ele vai conseguir formar um time competitivo, que tenho certeza que começará com o título de campeão goiano”.

“Não sou a favor da renúncia do Sérgio Rassi em hipótese alguma, ele é o presidente, tem a legitimidade para administrar o goiás e acho que ele deve continuar, colocar em prática aquilo que ele pretende, fazer um planejamento bem feito, formar uma comissão técnica de confiança e qualidade, montar um elenco com atletas que tenham aspirações no cenário esportivo nacional. Com um planejamento bem estrutura e trabalhado, acredito que em 2017 o Goiás sobe tanto no Goiano quanto no Campeonato Brasileiro”.