Escritora conversou com jovens da Renapsi sobre emponderamento feminino (Foto: Karine Carrijo/Instagram)

Com palmas e gritos, os jovens aprendizes atendidos pelo programa de aprendizagem da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) receberam, na tarde desta terça-feira (10), no auditório do Núcleo Seu Jaime, a goiana, empreendedora, escritora e influenciadora digital, Karine Carrijo, como parte da programação especial voltada para as comemorações do mês da Mulher.

Na oportunidade, Karine conversou sobre três temas: o empreendedorismo, o empreendedorismo feminino e o empoderamento das mulheres e faz parte da programação de conteúdos voltados a Mulher e a Juventude. 

“Este mês de março estamos abordando alguns temas voltado pra mulher. Para esse espaço que a mulher conquistou, esse espaço que adquiriu, falar um pouquinho do empoderamento feminino, da autoestima e da mulher no mercado de trabalho. E dentre esses assuntos, nós chamamos a Karine por ela já estar nesse meio, por ter 24 anos, ser empreendedora, escritora, e ter uma linguagem bem jovem que é o nosso público”, explicou a instrutora e organizadora da palestra, Helen Souza.

Depois de apresentada, a empreendedora e escritora goiana Karine Carrijo convidou um dos jovens ao palco. Entre amigos, risos e brincadeiras, Felipe Rocha fala da experiência na dinâmica. “Ela perguntou qual é a minha meta de vida, mas não tenho um sonho assim. Vou ingressar na faculdade de direito e depois prestar um concurso público quando eu terminar, mas o que eu realmente queria fazer, eu não tenho em mente não, mas eu vou continuar seguindo”, explicou.

Os sonhos de Karine começaram cedo. Aos 16 anos, pediu aos pais para ser emancipada e começou a trabalhar. Como muitos jovens, a escritora tem seus problemas familiares, seus abalos emocionais, mas foi a luta. Trabalhou como vendedora, investiu mal, perdeu dinheiro, começou tudo outra vez. E hoje compartilha com o público feminino as experiências da própria vida. Aos 24 anos, ela divulga seu primeiro livro, “Mulherão da p*rra”, lançado no ano passado, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro e que demorou um pouquinho pra ficar pronto. “Foram três anos. Eu sempre fui de escrever muito, sempre fui daquelas adolescentes que escrevia no diário”, respondeu a influencer.

Apesar de trabalhar com mídias digitais, Karine revelou ter problemas com o computador. “O processo foi todo engraçado, porque ele foi todo feito a mão, não digitei nada online. E eu sempre escrevia e apagava na borracha. Quando resolvi passar pro computador, foi quase um ano e meio para passar todos os meus esboços”. Ela explica que a ideia do livro surgiu de uma pergunta feita por uma amiga. “Não era pra ser um livro, era só pra ser a experiência da minha vida e coisas que eu achava que sempre somou. Uma vez mostrei pra uma amiga e ela perguntou porque eu não publicava no instagram. E eu falei: não vou publicar no instagram, vou criar um livro”.

Empreendedorismo

Karine aposta no trabalho pela internet. Além de um programa em uma rádio, seu trabalho está presente em várias redes sociais e em seu próprio site. Além do livro de autoajuda que está divulgando e uma novidade que chega daqui a 45 dias, um podcast. A instrutora da Renapsi, Helen Souza, gostou da conversa da escritora com os jovens. “Esse é o mundo que eles vivem. E ela trabalhou a questão do empreendedorismo digital, mostrando para eles a oportunidade e que eles também podem trabalhar com a tecnologia. Eles ficaram bem satisfeitos”.

O foco da escritora foi no que a pessoa quer vender na internet. Ela destacou que, hoje em dia, todo e qualquer vendedor precisar anunciar nos meios digitais. Ao fim da palestra, a jovem Lara Cristina Araújo Costa, de 17 anos, procurou Karine para conversar. “Toda a história dela refletiu muito minha vida, os problemas familiares. Eu me emocionei, ela é praticamente eu. Estou começando agora no instagram, estou fazendo vídeos motivacionais em relação a esse sistema de positivismo, em questão da valorização da mulher. A partir de hoje ela é uma inspiração para mim”. Lara revelou que não conhecia o trabalho da escritora e disse que a palestra foi um momento único. “Esse pequeno momento que tivemos aqui me inspirou muito e eu aprendi muita coisa”.

Karine Carrijo fala diretamente para mulheres. “Meu público é bem mais velho, são mães, mulheres divorciadas, eu falo sobre empoderamento e o meu público é 100% feminino”. Mas na palestra na Renapsi, também conversou diretamente com os meninos. “Foi a quarta palestra que eu tive homens na plateia”, pontuou.

A escritora afirmou que foi a primeira vez que conversou com jovens, confessou a ansiedade e justificou. “Porque já fui adolescente, eu sei como eles são. A gente sempre é meio crítico e meio cético também, até porque a gente não passou por muita coisa, e fica meio desacreditado”. Karine também explicou a interação inicial, ao começar a palestra convidando um deles ao palco. “Se tem uma pessoa ali na frente, a gente sempre vai achar que ela é mais importante do que a gente que tem idade menor”.

Felipe Rocha, o rapaz da dinâmica inicial, ganhou um boné de Karine Carrijo, mas além do presente, ganhou com as experiências trocadas na palestra. “Ela tem uma visão muito boa das coisas. Ela tem uma inspiração. Acho que é o século que a gente mais sofre de depressão e ansiedade e ela conseguiu transformar em mais que uma coisa boa para a vida dela, mas um negócio. Ela conseguiu envolver a ansiedade dela e transformar em algo construtivo. Pra todo mundo que tá aqui e sofre disso, a grande maioria, é maravilhoso ter uma inspiração assim, dá mais luz e caminho pra gente”.

felipe rocha

Felipe Rocha subiu ao palco e interagiu com Karine (Foto: Rauane Rocha)

Depois de apresentar seu trabalho aos jovens, Karine desceu do palco e conversou com eles bem de perto. Muitos assuntos surgiram em perguntas sobre tatuagem, depressão, livro, trabalho na internet e feminismo. Mesmo com o trabalho voltado para o público feminino, Karine não se julga feminista. “Eu não falo sobre feminismo, falo sobre ser menina, porque hoje eu acho que o feminismo ai muito além do que a gente prega, que é mesmo a sororidade. Não me julgo feminista, eu me julgo feminina. Ajudo outras mulheres usando princípios do feminismo, com os que apoio e sou com a causa. Então não me posiciono como feminista, eu me posiciono como feminina, como empoderada, empoderadora, como quem ajuda, sororidade e outras coisas”. Na palestra, Karine argumentou com um jovem que pediu orientação sobre o homem que apoia o movimento.“A gente precisa ter sororidade com mulheres e com homens”.

Sonhos

Lara acredita que o momento foi enriquecedor para o mercado de trabalho e para a vida social. “Para quem é estudante ajuda muito em questão do enem. Quando ele abordou o feminismo, isso ajuda e influencia muito o nosso conhecimento”. Karine deixou várias frases marcantes para os jovens sobre vida profissional e social. Orientou a “antes de empreender nos negócios, empreender na sua vida emocional” e aconselhou a ter “Cuidado com as críticas construtivas de quem nunca construiu nada”.

Quando falava de seguir sonhos, mencionou que seu fotografo, Yan Salvatierra, já esteve onde os jovens da Renapsi estão hoje. Com o microfone na mão e olhando para os que estão hoje na Fundação, Yan contou que estava aqui há quatro anos, ficou um ano e dois meses e sua instrutora era a Nídia Braga. “Tomei um susto quando eu o vi, porque já faz quatro anos que ele foi aprendiz comigo”, disse a professora que fala do jovem com gratidão e inspiração.

nivia e yan

Instrutora da Renapsi reencontra jovem que foi seu aluno (Foto: Helen Souza)

“É uma gratidão muito grande ter visto um jovem de sucesso, que eu conheci com muitos sonhos, com muitos projetos de vida e hoje retorna à casa, grandioso, famoso, e com um trabalho muito bacana. Isso serve de inspiração para os jovens que estão aqui hoje, serve de exemplo, e é um recado para os jovens de que eles também podem. Assim como o Yan, muitos que estão aqui podem também. Eu creio que todos nós podemos”. destacou.

O pensamento da instrutora também já ecoa na cabeça de Lara e Felipe. “Eu senti orgulho dele, porque ele estava aqui como um de nós e cresceu, é fotógrafo agora, eu sinto orgulho. Não conheço ele, mas desejo todo sucesso. Eu penso dessa forma, um dia estou aqui e vou ser o que eu sou, mas vou subir na vida e ser algo mais”, disse a jovem.

“Aquele vislumbre de você vê como as pessoas estão no futuro e se espelhar como você vai chegar daqui alguns anos, isso só motiva a gente. Porque quando a gente tem alguém com a história parecida, dá mais força de vontade. Igual a Karina falou, crítica construtiva de quem nunca construiu nada e ele construiu. A gente fica com mais alegria e mais vontade de fazer as coisas”, ressaltou Felipe.

A organizadora da palestra, a instrutora Helen Souza, mostrou satisfação com a conversa entre a escritora e os jovens. “Eles ficaram bem empolgados”, e continuou, “quando a gente empenha em fazer alguma coisa e dá certo, o coraçãozinho grita de gratidão mesmo”.

Karine também mostrou satisfação em conversar com um público diferente e acolhedor. “Foi desafiador e quero ser desafiada. Eu quero voltar, porque eu gostei bastante da interação com eles. Foi muito legal a experiência”. E se você acha que a empreendedora e escritora, aos 24 anos, não nutre mais sonhos, é porque não sabe ainda o que ela espera realizar. “Eu quero ser capa de revista da Forbes e ter meu próprio programa na televisão. Os meus sonhos e objetivos são esses, porque todos os outros já estou realizando”.