Aprovado na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (25) com 246 votos favoráveis e 202 contrários, o projeto que legaliza os jogos de azar no Brasil gera polêmicas em determinados grupos da sociedade. O deputado federal Francisco Júnior (PSD), presidente da Frente Parlamentar Católica no Congresso Nacional, é contra o projeto e argumentou em entrevista à Sagres nesta sexta-feira que as justificativas a favor da economia para legalização dos jogos não procedem.
“É uma falácia, porque se os jogos parecem gerar empregos, existem estudos dizendo que não é bem assim. A única coisa que ele faz é deslocar o dinheiro que já existe e causar problemas sociais que nós já conhecemos e eu tenho certeza de que as pessoas conhecem alguém que tem problema sério com o jogo”, declarou.
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Francisco explicou que os estudos identificaram que o dinheiro gasto com jogos de azar seriam apenas realocados, ou seja, se antes seriam gastos com outros produtos, agora, serão usados para jogar. “A arrecadação continua, na prática, a mesma, porque os jogos não geram desenvolvimento”.
Outro problema citado pelo deputado é o social, agravado pelo vício que o jogo pode causar. “Tem consequências como empobrecimento da população e relacionadas à saúde mental […] Pode trazer benefícios, mas os malefícios compensam?”, questionou o deputado, que ainda disse que os jogos são “uma estrutura que se organiza no sentido da exploração humana” e podem ser usados para lavagem de dinheiro.
“É um mundo de ilusão. É isso que eu falo. Em termos de política pública, se nós queremos desenvolvimento, nós temos que investir em algo real, concreto, que gere formação, estudo, tecnologia, emprego real e não um mundo de ilusão que é bom para meia dúzia de empresários, que são os donos da banca, que é quem vai ficar com o recurso final e ruim para a maioria que vai lá e se ilude”, detalhou.
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