A Lei 11.428 de 2006 que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa da Mata Atlântica ajudou a frear o desmatamento no bioma. No entanto, um estudo de pesquisadores da Unesp publicado em março no periódico científico Biological Conservation alerta que a conservação da floresta está em risco por causa da fragmentação.

O estudo observou as mudanças da Mata Atlântica nos últimos 34 anos. O bioma faz parte do início de sociedades urbanas no país e abriga atualmente cerca de 70% da população brasileira, ou seja, mais de 150 milhões de pessoas. 

Por causa disso, também, a degradação do território de 1,6 milhão de km², que se estende do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, numa faixa de litoral e interior, é resultado da exploração de ouro e da extração do pau-brasil e, naturalmente, de obras de infraestrutura, entre elas rodovias e ferrovias.

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Só 5%

Fonte: Sistema Nacional de Informações Florestais

A Mata Atlântica está presente em 15 estados brasileiros. Ela abriga 18 mil espécies de plantas, 2,6 mil espécies de aves, mamíferos, anfíbios e répteis e 1 mil peixes. Essa riqueza em biodiversidade ficou em risco com a expansão urbana pela floresta ao ponto em que em 2024 há apenas 5% de vegetação nativa restantes do bioma.

Pastagem, cultivo de monoculturas, urbanização e indústrias marcam a maior parte da derrubada da floresta desde que os portugueses chegaram ao Brasil. Por isso, o estudo que analisa os últimos 34 anos traz as novas perspectivas do estado de conservação da Mata Atlântica em sua história recente.

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Fragmentação

O estudo contou com a participação de pesquisadores do Brasil, Nova Zelândia, Noruega, Inglaterra e Argentina. Segundo o ecólogo Milton Cezar Ribeiro, a Mata Atlântica ganhou aproximadamente 1 milhão de hectares entre 2005 e 2020, o que mostra uma rota diferente no desmatamento e reflorestamento do bioma após a legislação.

O problema, entretanto, é que essa vegetação é composta de fragmentos com tamanho médio de 1 hectare. O ecologista Maurício Vancine explicou que essa fragmentação é um elemento dominante na distribuição dos remanescentes de vegetação do bioma, em que 97% dos fragmentos têm área inferior a 50 hectares. 

“Os pequenos fragmentos funcionam como trampolins ecológicos. Eles são essenciais para garantir o movimento dos organismos pela paisagem”, disse. “Uma parte expressiva dos organismos dispersam sementes ou polinizam as plantas quando precisam buscar por alimento ou procurar parceiros para a reprodução”, contou.

*Com Jornal da Unesp

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.

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