Determinação, solidariedade e o poder de mobilização do futebol levam a um
desfecho digno de fim de filme

Quem frequentou os jogos do Goiás em 2018 e 2019 em algum momento deve ter se deparado nas arquibancadas com uma família que vendia rifas de camisas autografadas ou notebooks e com um cartaz que estampava a frase “Caminhando com o Paulo Vitor”.

Família do Paulo Vitor vendendo rifa beneficente em 2019 [Foto: Arquivo Pessoal]

A campanha foi iniciada logo que o Paulo Vitor, um filho de esmeraldinos, nasceu com hemimelia fibular bilateral. Uma má formação que se caracteriza pela ausência da fíbula, osso que junto da tíbia é responsável pela sustentação do corpo.

Na esperança de ver o filho andar, os pais descobriram um tratamento na Flórida, nos Estados Unidos. Para conseguir chegar ate lá, começaram uma mobilização nos jogos para tentar arrecadar R$ 650 mil.

Ainda em 2018, a campanha passou a ser reforçada com a participação efetiva do Goiás. Em dezembro, durante uma ação no estádio da Serrinha, a doação de parte da renda de um jogo marcava o alcance de metade da meta. É o que relembra o presidente esmeraldino Marcelo Almeida.

“Era sofrido ver mãe, pai e filho debaixo de sol ou de chuva nos estádios vendendo rifas. Aí o clube abraçou a campanha. Fizemos muitas ações para ajudar a arrecadar dinheiro para ele. Inclusive no último jogo de 2018, contra o Brasil de Pelotas, decidimos que toda renda seria beneficente. Foi então que demos um cheque de R$ 50 mil para o Paulo Vítor”.

Pouco tempo depois, mais uma vez, o estádio do Goiás voltava a ser palco de um importante passo do “Caminhando com Paulo Vitor”. Durante o intervalo de um jogo contra o Atlético pelo campeonato goiano, um dos patrocinadores do clube fez a doação do valor correspondente ao que ainda faltava para viabilizar o tratamento. Gestor de Marketing do Goiás, à época, João Grego recorda o episódio.

Intervalo de um jogo contra o Atlético pelo Campeonato Goiano

“Naquele dia estávamos apresentando um novo patrocinador. Quando conversamos sobre as ações de divulgação do patrocínio que faríamos durante o jogo e no intervalo da partida, mencionamos a campanha do Paulo Vitor. O patrocinador prontamente se comprometeu em doar os mais de 200 mil que restavam para atingir o montante necessário para o tratamento. Então, no intervalo, a ação que seria para divulgar a campanha, acabou sendo a divulgação do alcance da meta da campanha. Foi muita emoção. Uma choradeira geral. Um momento único para todos que estavam ali”.

Sete meses após conseguirem viabilizar os recursos, o pai Vitor Resende, a mãe Sandra Pantaleão, a irmã Ana Carolina e o pequeno Paulo Vitor partiam para a América do Norte iniciando o segundo passo do “Caminhando com Paulo Vitor”. Quase um ano desde o inicio do tratamento, o Pai de Paulo Vitor detalha como tem sido a rotina de viagens e de procedimentos.

Pais do pequeno Paulo Vitor

“A primeira viagem durou 20 dias que foi quando foi feita a cirurgia para a reconstrução do tornozelo. Em Dezembro, ficamos aqui por três meses para o implante do alongador. E agora estamos aqui pela terceira vez para a retirada do implante”. Disse em entrevista de vídeo para o programa Tom Maior da TV Sagres.

E foi justamente durante essa conversa que uma imagem bastante emblemática marca esta reportagem. Foi quando a mãe, Sandra Pantaleão falava do poder de mobilização do futebol.

” O futebol mobiliza paixões, ações e ele é um retrato de o quanto nossa sociedade pode ser solidária e ajudar o próximo em um momento difícil. Durante todos esses meses que estivemos nos estádios fomos muito bem recebidos e acolhidos. É uma magia que tem no futebol, né? Só vivendo para sentir o quanto essa energia nos fortalece.”

E utilizando as palavras da mãe de Paulo Vitor o que acontece a seguir, é como se realmente estivéssemos visualizando uma mágica, um milagre ou a definição que você que está lendo essa reportagem escolher. Enquanto ela fala, eis que o objeto central da campanha se materializa em meio ao vídeo.

Sim, o pequeno Paulo Vitor surge caminhando em meio aos pais.

Paulo Vitor caminhando ao fundo enquanto brincava com a irmã Ana Carolina

Os passos são tímidos, ainda um tanto quanto desequilibrados e amparados por uma parede. A cena dura aproximadamente nove segundos e é seguida de uma queda. Depois ele levanta e volta a caminhar.

Pra esse jornalista que assina a reportagem melhor desfecho impossível. O caminho que Paulo Vitor ainda tem a seguir é longo, as inseguranças e possíveis quedas devem continuar. Mas no que depender de nós estamos aqui torcendo e incentivando para que ele siga dando um passo de cada vez.

Acompanhe a reportagem no Tom Maior partir de 1h49m

Relembre a trajetória da campanha “Caminhando com Paulo Vitor”