Região da 44 seguirá de portas fechadas por conta da pandemia (Foto: Rafael Bessa/Sagres Online)

Na última semana, a GoiásFomento anunciou o lançamento de linha de crédito para empresas de micro, pequeno e médio portes, micro empreendedor individual (MEI) e pessoas físicas. A medida adotada pelo governo estadual visa minimizar os efeitos financeiros nestes setores produtivos, em função da pandemia coronavírus.

No entanto, lojistas na Região da 44 reclamam que têm encontrado muitas dificuldades para contratar empréstimos em linhas de crédito emergenciais fornecidas pela Agência GoiásFomento. Preocupado em ter um mínimo de fluxo de caixa e com a ausência de faturamento, Tarcísio Silva Mascarenhas, que é lojista na região, tentou levantar um empréstimo R$ 30 mil, porém ele afirma que o excesso de garantias e burocracias fez com ele desistisse.

“Do jeito que eles estão fazendo, mais de 90% dos lojistas aqui da região não vão conseguir ter acesso a esse crédito. Eles pedem avalistas com renda mensal que seja três vezes maior que valor da parcela, ou precisa ter imóvel quitado, e não aceitam automóvel como garantia. Conseguir um avalista já é difícil, nessas condições então”, reclama. O lojista diz também que a Agência faz consulta no SPC e Serasa , também olham SCR do Banco Central, tanto de quem contrata quanto do avalista. “Fazem esse monte de exigências para qualquer valor, de R$ 500 a R$ 50 mil”, lamenta Tarcísio.

Outros lojistas que tentaram o empréstimo também reclamam da burocracia. “Você precisa passar por uma uma triagem, preencher e assinar uns cinco formulários, levantar vários documentos seus e dos avalistas, e mesmo quando você consegue tudo, eles dizem que o processo leva no mínimo 20 dias para se concluído. Acho que se é um crédito emergencial, eles deveriam encontrar uma forma de liberar isso com mais facilidade e rapidez”, destaca Franco Cristofare que, junto com a esposa, administra três lojas na região.

Nesta sexta-feira (3), o governador Ronaldo Caiado publicou novo decreto prorrogando as medidas de isolamento contra o coronavírus até o dia 19 de abril.

Sacrifício

Para o presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Jairo Gomes, o governo do Estado precisa dar uma atenção especial aos pequenos empreendedores da 44. “A região foi parceira quando o governo exigiu essa grande parcela de sacrifício. Ficar 15 dias fechado pode levar muitos das micro e pequenos empresas que temos aqui à falência, por isso esperamos que o governo compense esse pequenos empreendedores de alguma forma. A grande maioria precisará recuperar o seu capital de giro para se manter funcionando, e isso precisa ser agora, até para se prevenir de um impacto ainda maior que pode haver lá na frente”, destaca Jairo.

O presidente da AER44 lembra ainda que, mesmo que as lojas reabram daqui a 15 dias, com a prorrogação do decreto, o comércio na região voltará desaquecido e por isso os pequenos empreendedores da região precisaram de apoio financeiro para se restabelecer.

Feirantes

O presidente da AER44 também destaca que outros que têm sofrido com as medidas de isolamento social impostas são os feirantes que atuam na Região da 44. “Comerciantes da Feira Hippie e da Feira da Madrugada já passam necessidades de até alimentação. Aliás esses micro créditos subsidiados pelo governos é importante principalmente para eles e outros pequenos lojistas da região”, alerta o líder empresarial.

Outro aspecto importante levantado por Jairo é que as medidas restritivas foram tomadas justamente numa época em que a Região da 44 começava a retomar seu movimento normal. “Depois do período de fim de ano, que de fato traz um movimento muito grande, os dois primeiros meses do ano são tradicionalmente de poucas vendas, e março seria quando o fluxo de turistas voltaria à normalidade. Quem conseguiu acumular uma boa ‘gordura’ no fim de ano já gastou nos meses de janeiro e fevereiro, para ter um mínimo de fluxo”, explica Jairo.

O presidente da AER44 afirma que já está em contato o presidente da GoiásFomento e com o próprio governador do Estado para ver o que pode ser feito. “Volto a dizer, a Região da 44 fez o seu sacrifício, e entendemos que foi necessário fazê-lo, mas precisamos que o governo também nos ampare economicamente, e desde já, para que não tenhamos a morte de milhares de pequenas empresas e perda de empregos”, afirma Jairo Gomes. 

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