Oficialmente a visita que o presidente Lula fará a Goiás no dia 13 é administrativa. No entanto, é o significado político da agenda presidencial que mais tem agitado as lideranças do Estado. A programação é de entrega, vistoria e anúncio de obras que beneficiam Goiás, entre as quais a Ferrovia Norte-Sul, em Anápolis, e a entrega de 5 mil casas populares em Goiânia. Está evidenciado o objetivo de divulgar os investimentos que o governo federal tem feito no Estado e da importância da chamada parceria administrativa estabelecida pelo governador Alcides Rodrigues (PP) e pelo prefeito Iris Rezende (PMDB) com o presidente da República
O poder de atração do governo federal é grande, sobretudo quando os alvos são prefeitos e governadores cujas administrações passam por dificuldades financeiras. Tal poder pode ser medido em reais. Por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal prometeu investir R$ 34,8 bilhões em obras no Estado de Goiás. Sendo R$ 26,8 bilhões para até 2010, ano eleitoral, e R$ 8 bilhões para depois de 2010. Os investimentos são para obras de infraestrutura, logística, setor energético e estrutura social e urbana (veja quadro).
De acordo com o último balanço do PAC em Goiás, relativo ao período de janeiro a abril de 2009, a grande maioria das obras está em andamento ou em fase inicial. Prefeitos e oposição reclamam que as obras demoram a sair do papel e que muitas estão paradas. Uma delas é da construção do novo terminal de passageiros do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia. Os defensores do governo Lula, argumentam que a demora se deve à burocracia, mas que os obstáculos estão sendo vencidos e as obras serão concluídas, mesmo que levem mais tempo que o esperado.
Do ponto de vista administrativo, interessa muito a ambos estar próximo do presidente Lula. É mais do que sabido que Estados e Municípios dependem de verbas federais para a realização de obras importantes. A realização de obras, mesmo que seja com verbas federais, traz impacto positivo para as administrações municipal e estadual. Deste ponto de vista, é natural que os gestores cortejem o presidente com o intuito de trazer mais benefícios. Mas a proximidade e os elogios ao presidente, mesmo que no campo administrativo, têm efeito e significado político.
No âmbito municipal, a proximidade entre PMDB e PT, já firmada nas eleições de 2006, é vista com naturalidade. Nacionalmente, o PMDB está na base do governo Lula e o PT trabalha para que continue assim. A aproximação com o presidente Lula interessa ao prefeito Iris Rezende não só por abrir as portas dos cofres federais, mas também por ser conveniente para o projeto de candidatar-se a governador em 2010. Por isso, o PMDB trabalha para capitalizar a visita do presidente e vive a expectativa de uma sinalização de apoio à candidatura de Iris Rezende.
Na esfera estadual, a proximidade do governador Alcides Rodrigues com o presidente é mais polêmica, mesmo que o PP também esteja na base de apoio do governo federal. Alcides Rodrigues foi eleito pela então base aliada – cujo partido protagonista era o PSDB -, que em Goiás apoiou a candidatura do tucano Geraldo Alckmin para a Presidência da República. A aproximação do governo do Estado com o governo federal não ocorreu de forma natural e imediata e sim aos poucos. Quanto mais o governador se distanciou do PSDB e de Marconi Perillo, mais próximo ficou do presidente Lula e do PT.
Com esta aproximação, a base que poderá dar sustentação ao projeto do PT de eleger a ministra Dilma Roussef presidente ganhou mais um forte grupo aliado. Os petistas trabalham agora com uma base formada não só por PMDB e tradicionais aliados, mas também com o grupo do governador Alcides Rodrigues, que tem como projeto a candidatura de Henrique Meirelles a governador. No palanque, durante a visita de Lula, estarão juntos PT, PMDB e PP.
Fonte:Tribuna do Planalto