Depois de oficializar a renúncia ao cargo de vice-prefeito de Goiânia na última segunda-feira (5), o deputado estadual Major Araújo (PRP) concedeu entrevista nesta terça-feira (6) no programa Primeiro Tempo da Notícia, da 730.

Ouça a entrevista na íntegra: {mp3}Podcasts/2016/dezembro/06/majoraraujoprp{/mp3}

O parlamentar reiterou os motivos que o levaram a desistir do cargo, como possíveis conflitos com a cúpula do partido de Iris Rezende (PMDB), com quem foi eleito em outubro, e afirmou que uma das razões para a permanência na Assembleia Legislativa (Alego) é a autonomia sobre o posto.

“Essas questões me reforçaram a essa reflexão e o desejo de permanecer na Assembleia onde eu sou autônomo, o meu mandato eu que coordeno, enfim, onde eu não tenho conflitos e eu acho que eu poderia servir melhor ao povo goiano e ao povo de Goiânia”, afirma.

Apesar das declarações dadas no anúncio da desistência da vice-prefeitura, Major Araújo prefere não citar nomes ao descrever as situações que o levaram a tomar a decisão, e reafirmou o respeito que tem por Iris, com quem se reuniu ontem (5) pela manhã, no escritório político do peemedebista.

“O Iris foi muito correto comigo, eu não quero agora começar a citar nomes aqui e talvez até seria injusto se eu citasse nomes. O certo é que teve pessoas lá e a gente percebia isso. Chegava um e falava assim ‘quem fez isso foi fulano’, ou ‘foi ciclano’. Pra mim é uma página virada, não tenho rancor, não tenho mágoas, pelo contrário. Estou saindo para que a administração do Iris seja a maior harmoniosa possível. Acho que eu seria um ponto de desarmonia na equipe”, ressalta.

Ao ser questionado sobre o motivo de não ter desistido ainda no período da campanha, o deputado estadual afirma que chegou sim a sugerir a troca do candidato a vice de Iris antes das eleições, e relembra o fato.

Segundo ele, a proposta da troca foi feita ao próprio Iris e à filha dele, Ana Paula, em diferentes momentos. Um deles foi no debate na Universidade Federal de Goiás (UFG), no dia 20 de setembro, quando foi discutida o tema Segurança Pública e a questão do “Bolsa Arma”, no qual cada cidadão receberia R$ 1 mil para a compra de uma arma de fogo. Vaiado na ocasião, criticou a atitude de um dos ouvintes presentes.

“Isso foi feito durante a campanha, em momentos distintos. Um dos momentos foi quando houve o episódio na UFG. Julgo que a minha atitude ali foi correta, acho que candidato não tem que se submeter e ser ofendido em público e sofrer ofensas, xingamentos. Ali tomei a atitude de chamar a organização do evento e falar ‘Ou eu ou esse rapaz aqui dentro’”, revela.

Futura candidatura

Sobre uma possível candidatura a prefeito de Goiânia, o deputado afirmou que um dos motivos pelo qual aceitou a vice era de estar à frente da capital futuramente, mas criticou os altos gastos nas campanhas, e que não teria o mesmo valor para investir.

“Claro, sou goianiense. Eu sonho sim. Um dos motivos de ter aceitado a vice é esse desejo também. Acho muito difícil lançar uma candidatura quando eu vejo os gastos que tem numa campanha de prefeito e que eu fico pensando: ‘de onde virá o dinheiro para que eu seja o candidato?’. Se eu fosse o candidato, a minha mídia eu teria que realizar eu mesmo”, pontuou.

Reação de Iris

A respeito da conversa que teve com Iris Rezende nesta segunda-feira (5), antes de anunciar que deixaria a vice, Major Araújo não economizou elogios ao peemedebista, e mencionou que o prefeito eleito compreendeu as razões para a renúncia.

“O Iris é uma pessoa muito mais evoluída que qualquer um de nós. Ele recebeu com naturalidade. No fundo, eu entendo que ele já sabia, ele sabe decifrar isso, fazer essa leitura. Foi tudo muito tranquilo, até, de certa forma, me surpreendi. Ele sabe muito bem o que eu passava e sabe compreender isso, ele me compreendeu”, reitera.