O Deputado Federal do PSL, Major Vitor Hugo, que hoje está na base do presidente Jair Bolsonaro, foi um dos dois únicos deputados goianos que votaram contra a prisão do deputado Daniel Silveira, também do PSL. Em entrevista ao Sagres Sinal Aberto, explicou que, apesar de não defender o que o Daniel disse no vídeo, acha que houve um excesso do Supremo Tribunal Federal (STF) na condução do caso.

“Há uma imunidade material, que é chamada de inviolabilidade dos parlamentares em relação às palavras, opiniões e votos. Outro aspecto é que não houve crime inafiançável. Essa construção jurídica de que presentes os requisitos da prisão preventiva, qualquer crime se torna inafiançável, é algo completamente condenável porque transforma 80% dos crimes no país inafiançáveis”.

Ouça a entrevista na íntegra:

Um último aspecto observado pelo Major foi o fato de Daniel Silveira ter sido preso em flagrante. Para Vitor Hugo, a flagrância determinada porque o vídeo com as críticas ao STF está permanentemente na internet é uma interpretação diferente. O deputado disse que respeita a maioria formada na Câmara, que votou pela manutenção da prisão de Daniel Silveira, mas que a votação expressiva aponta “um apequenamento do Poder Legislativo”.

O deputado criticou outros parlamentares que, segundo ele, também fizeram ataques a outra instituição como a presidência da república, mas que não foram punidos por isso. Além disso, Vitor Hugo disse que a soltura não representaria impunidade. “a soltura representaria o privilégio da imunidade, que é uma prerrogativa que não é do parlamentar, ela se volta para a sociedade. Um parlamento que não pode se expressar é um parlamento manco, um parlamento onde os parlamentares não conseguem expressar os problemas que a sociedade enfrenta”.

Sobre o assunto ainda, Vitor Hugo disse que, tirando os ataques pessoais feitos aos membros do STF, as falas do deputado Daniel Silveira refletiram “uma parte do sentimento da população, que discorda de muitas decisões que o Supremo tem tomado ao longo do tempo”.

O presidente Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o caso, mantendo distância, inclusive, das negociações na Câmara. “Achei prudente e respeitosa a postura do presidente. Por mais que internamente, ele pudesse, na minha suposição, estar preocupado em função da relação pessoal que desenvolveu ao longo do tempo com Daniel”, afirmou Vitor Hugo.

Resposta ao STF

O deputado Major Vitor Hugo contou que deve se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), para discutir a pauta da semana. Outro ponto importante citado pelo Major, são os trabalhos de uma comissão informal, instalada por Arthur, que deve dar uma resposta institucional à ação do supremo, quanto à prisão de Daniel Silveira.

Além disso, definirá articulações para manter a deputada Bia Kicis (PSL), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e indicar a deputada Carla Zambelli (PSL) para a Comunicação da Casa.

Mudança no comando da Petrobrás

Para o deputado, não há nenhum abandono do presidente Jair Bolsonaro em relação à pauta liberal, com a interferência do Executivo em uma Estatal. Vitor Hugo explicou que, vê isso como algo natural, diante da necessidade do país precisar se atentar às questões sociais.

“Eu vejo nessa postura do presidente, uma preocupação muito espontânea e muito sincera em relação aos preços do combustível, não só por causa dos caminhoneiros, mas também por causa de todos os cidadãos”.