O governador Marconi Perillo entregou requerimento ao presidente da CPMI do Cachoeira, Vital do Rego, nesta terça-feira, pedindo para prestar os esclarecimentos sobre possível envolvimento com o contraventor Carlos Cachoeira.

“Eu vim espontaneamente e entreguei um requerimento ao presidente, senador Vital do Rego, me colocando a disposição para prestar qualquer esclarecimentos sobre a minha ação, sobre o meu governo e sobre quaisquer dúvidas”, disse o governador.

Quanto ao possível pedido de quebra dos sigilos bancários e fiscais avaliados pelos integrantes da CPI, Perillo disse que isso já foi feito em outras ocasiões.

“Essa é uma decisão que deverá ser tomada pela própria CPI. Já tive sigilos bancários quebrados no passado, precisa saber se é justo ou não”, afirmou.

O governador negou ainda contradição na versão dele e a do ex-vereador Wladimir Garcez, também preso na Operação Monte Carlo, sobre a venda da casa de uma casa no condomínio Alphaville, em Goiânia.

Veja o texto do requerimento entregue pelo governador:

“EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUÉRITO CRIADA PELO REQUERIMENTO Nº 1/2012 (OPERAÇÕES VEGAS E MONTE CARLO), SENADOR VITAL DO RÊGO – (PMDB-PB)

MARCONI FERREIRA PERILLO JUNIOR, brasileiro, casado, Governador do Estado de Goiás, podendo ser localizado no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia/GO, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência tecer as considerações que se seguem.

Excelentíssimo Senhor Presidente, venho perante esta nobre Comissão Parlamentar Mista de Inquérito primeiramente render minhas mais sinceras homenagens a esta Comissão, sobretudo pelo espírito democrático e republicano que a norteia e pela seriedade com que os trabalhos têm sido conduzidos, em respeito a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros, que merecem – e sempre hão de merecer – transparência, honestidade e compromisso por parte dos representantes que elegeram.

Oportuno, por sinal, rememorar minha trajetória política, trazendo formalmente ao conhecimento do Parlamento minha história de trabalho sério e comprometido com o interesse público, construindo assim uma vida pública absolutamente honrada e transparente, que me faz repudiar veementemente toda e qualquer acusação a meu respeito.

No início da década de 80, comecei a militância política ao lado do então senador goiano Henrique Santillo. Foi presidente do PMDB Jovem de Goiás, presidente Nacional da Juventude do PMDB e trabalhou como assessor especial do governador Henrique Santillo(1987/91).

Em 1990, fui eleito deputado estadual, tendo sido coordenador da Frente Parlamentarista Ulysses Guimarães, em Goiás. Em 1994, fui eleito deputado federal pelo Partido Progressista (PP), partido do qual cheguei a ser presidente do Diretório Regional. No ano seguinte, com o fim do PP, filiei-me ao PSDB, chegando a vice-líder.

Em 1998, fui eleito governador de Goiás e empossado em 1º de janeiro de 1999, marcando minha gestão pela implementação de importantes programas sociais e programas de incentivo ao desenvolvimento do Estado. Em 2002 fui reeleito, tomando posse em 1º de janeiro de 2003. Em 2006, fui eleito senador da República por Goiás com mais de 2 milhões de votos, a maior votação proporcional para o Senado no País.

Em 2010, fui eleito pela terceira vez governador de Goiás, mandato que cumpri atualmente e que irá até 31 de dezembro de 2014. E na condição de Governador de Estado, de cidadão público respeitado, com uma vida pública irrepreensível, é que venho dirigir-se a esta digna Comissão.

Reconheço, pois, que a CPMI é, verdadeiramente, um braço do Poder Judiciário, na medida em que tem o condão de efetivamente investigar fatos supostamente ilícitos que, inegavelmente, tenham repercussão política e que interessem a toda a sociedade, no melhor respeito ao sistema representativo brasileiro.

Dias atrás, aliás, tão logo surgiram as primeiras menções ao meu nome na imprensa como supostamente relacionado ao objeto de investigação desta CPMI, cuidei de, pessoalmente, requerer perante a Procuradoria-Geral da República fosse instaurado inquérito para me investigar, de modo que eu pudesse assim desfazer as injustiças a mim dirigidas e, assim, desnudar toda e qualquer falsa inferência a meu respeito.

Da mesma forma e rigorosamente com o mesmo objetivo, agora novamente me coloco à inteira disposição, com a tranqüilidade dos justos, para prontamente vir perante esta digna Comissão para esclarecer o que for de direito, assim como igualmente me coloquei à disposição para esclarecimentos perante o Procurador-Geral da República.

Não raro o meu nome tem sido maldosamente veiculado na imprensa como relacionado ao suposto esquema que ora se apura, então nada melhor do que vir a público, em respeito aos eleitores do Estado de Goiás, em respeito aos meus pares, a minha família e a todo brasileiro e brasileira que, por um segundo sequer, tenha intimamente colocado sob suspeição minha seriedade e minha respeitabilidade pública, para responder a questionamentos e rebater todas as falsas ilações criminosamente dirigidas contra mim.

Atento às considerações acima delineadas, venho então colocar-me à disposição desta ilustre Presidência para, a qualquer tempo, comparecer perante esta digna Comissão para os esclarecimentos de estilo.

Brasília, 29 de maio de 2012″.