A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou que o Brasil pode perder totalmente o Pantanal até o final deste século se as ações globais contra o aquecimento global não forem intensificadas. Ela destacou essa preocupação durante uma audiência no Senado para discutir as queimadas e a seca prolongada que afetam o país, com impacto severo no Pantanal e na Amazônia.

“Segundo os pesquisadores, se continuar o mesmo fenômeno em relação ao Pantanal, o diagnóstico é de que poderemos perder o Pantanal até o final do século. Isso tem um nome: baixa precipitação, alto processo de evapotranspiração, não conseguindo alcançar a cota de cheia, nem dos rios nem da planície alagada”, explicou Marina.

“E portanto, a cada ano se vai perdendo cobertura vegetal. Seja em função de desmatamento ou de queimadas. Você prejudica toda a bacia e assim, segundo eles [pesquisadores], até o final do século nós poderemos perder a maior planície alagada do planeta”, continuou.

Durante a sessão, Marina Silva enfatizou a necessidade de expandir os esforços e o financiamento para combater as mudanças climáticas. Ela mencionou aumentos orçamentários em relação ao governo anterior e fez um apelo ao Congresso para apoiar com mais recursos a pasta do Meio Ambiente.

Marco regulatório

Além disso, a ministra propôs a criação de um marco regulatório para emergências climáticas, que isentaria os gastos nessas situações da meta fiscal do governo. “Se tenho que agir preventivamente, como é o entendimento de Vossas Excelências e nosso, tenho que ter cobertura legal para isso”, afirmou.

Segundo ela, o governo enfrenta um “paradoxo”, com demandas por combate às queimadas ao mesmo tempo que apoia projetos que intensificam os incêndios.

“Nós temos condições de fazer esse enfrentamento com os meios que dispomos? Vamos ter que ampliar cada vez mais o nosso esforço. Ao mesmo tempo somos cobrados que tenha-se medidas para fazer medidas de combate ao fogo e, ao mesmo tempo, somos cobrados para que se faça investimentos que são altamente retroalimentadores do fogo. É um paradoxo. Não preciso citar aqui os empreendimentos”, declarou.

Marina Silva destacou os avanços do governo desde janeiro de 2023, afirmando que as medidas tomadas evitaram uma situação incontrolável. “Eu diria que o esforço que está sendo feito nesse momento é de tentar ‘empatar o jogo’, com essas condições totalmente desfavoráveis”, disse Marina.

Queimadas

Em agosto, o Brasil registrou 68.635 focos de queimadas, o maior número desde 2010, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com 80% dos casos concentrados na Amazônia e no Cerrado.

A ministra alertou que o Brasil também enfrenta sua maior seca desde 1950, afetando quase todo o país, com exceção do Rio Grande do Sul. Especialistas apontam que a fumaça vista recentemente em várias cidades é resultado de incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

Leia também: