A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, discursou na COP 29 nesta quinta-feira (21). Na ocasião, a ministra fez um discurso firme e defendeu a meta de limitar o aquecimento global em 1,5°C, na comparação com a era pré-industrial, compromisso firmado no Acordo de Paris, em 2015. “O objetivo do 1,5ºC é imperativo ético inarredável”, disse. 

Silva afirmou que “é a última chance de inflexão decisiva rumo a 1,5ºC” e, portanto, reafirmou a principal pauta do Brasil na COP 29, que é o financiamento. Segundo ela, desde a COP 28, nos Emirados Árabes Unidos, ocorreram grandes passos em relação à mitigação e ao reconhecimento científico do 1,5°C como meta. Então, disse Marina, a estrela-guia da COP 29 deve ser o financiamento.

“Assim como 1,5ºC foi a estrela-guia para Dubai, temos que colocar 1,3 trilhão de dólares por ano também como nossa estrela-guia aqui em Baku”, afirmou.

Veja o discurso de Marina Silva:

“Senhor presidente, senhoras e senhores,

A ciência é clara, o caminho de Dubai, Baku e Belém é a última chance de inflexão decisiva rumo a 1,5ºC. Na COP 28, nos Emirados Árabes Unidos, tivemos excelente ganho em relação à mitigação, em particular, em relação aos parágrafos 28, 33 e 34. Estamos em um bom caminho. Agora, aqui em Baku, o que precisamos é de ganho em relação ao financiamento.

Esta é a COP do financiamento. Da NCQG (Nova Meta Quantificada Coletiva sobre Financiamento Climático, em português), que pavimentará nosso caminho coletivo em ambição e implementação na COP 30. O objetivo do 1,5ºC é imperativo ético inarredável. Ele reflete o que a ciência diz ser necessário por mais que alguns o considerem desafiador. Para financiamento, como discutido no G20 e como aponta o Grupo de Alto Nível em Finanças Climáticas, trilhões são necessários, por mais que alguns também o considerem desafiador.

Assim como 1,5ºC foi a estrela-guia para Dubai, temos que colocar 1,3 trilhão de dólares por ano também como nossa estrela-guia aqui em Baku. O Brasil apresentou sua NDC, uma NDC altamente ambiciosa. Uma meta que nós consideramos estar inteiramente alinhada com 1,5ºC. Estamos completamente comprometidos com essa NDC, trabalhando arduamente para implementá-la.

Precisamos que todos apresentem NDCs ambiciosas. Porém, precisamos que haja um alinhamento equivalente em meios de implementação e financiamento, um alinhamento entre substância e finanças, senhor presidente. Esta é a COP dos meios de implementação e do financiamento. Temos um processo para medir se nossas metas para 1,5ºC estão sendo cumpridas. Precisamos também de um processo que possa medir se o financiamento está à altura desse desafio. Nos textos apresentados até o momento, tivemos avanços na área de adaptação, no Artigo 6.

Esperamos também alcançar avanços em relação à sinergia entre as três COPs, de desertificação, de biodiversidade e clima. Nossa maior obrigação neste momento é, entretanto, avançar em relação ao financiamento. É ela que vai mostrar essa obrigação, é que vai nos mostrar se aquilo que estamos dizendo está coerente com aquilo que nós estamos fazendo em relação a mitigar, em relação a implementar, e a transformar nossos modelos insustentáveis de desenvolvimento que nos trouxeram a uma crise com prejuízos que são terríveis, sobretudo para os países em desenvolvimento.

Muito obrigada.”

*Com Agência GOV

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima.

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