Dentro de campo, o time vive uma irregularidade que pode ser suavizada com uma vitória sobre o Icasa neste sábado. Fora de campo, a crise e a situação delicada, que parecia adormecida, acaba de voltar com tudo. Depois da saída mal explicada de Eusébio e do pedido de João Lucas para deixar o clube pela falta de pagamentos, foi a vez do técnico Marcelo Martelotte se abrir e explicar algumas situações com exclusividade ao repórter Juliano Moreira, da 730.

O treinador, que já esteve a beira da demissão em dois momentos da temporada, explica que ganhou o apoio dos jogadores porque mantém uma boa relação e funciona como um tipo de proteção ao grupo. Essa relação, que chegou a ser criticada pelo vice-presidente Jovair Arantes no momento que o grupo disse ter “vencido pelo treinador”, é o que segura Martelotte até hoje no clube.

“Normalmente, eu gosto de trabalhar em um bom ambiente, que é esse que a gente tem com os jogadores, na convivência do dia a dia. Mas, muitas vezes tem coisas que deixa a gente chateado e que foge um pouco a essa convivência. Muitas vezes a gente funciona como um escudo para que as coisas não atinjam os jogadores e muitas vezes, você fazer com que isso não atrapalhe os jogadores, desgasta e isso que a gente sente muitas vezes”

Mais do que chateado, Martelotte está preocupado com um problema que parece perseguir o Dragão nos últimos anos: a questão financeira. Para alguns jogadores do elenco, o mês tem até 90 dias e isso tem causado a revolta de alguns, principalmente aqueles que estão a mais tempo no clube. Martelotte explica que a repetição de alguns erros e esse problema refletem no time e pode atrapalhar bastante em campo.

MartelotteACG 01 TM“Tem coisas que a gente consegue blindar e tem coisas que não, são situações que envolvem os jogadores e aqueles que estão a mais tempo no clube já convivem com isso. Realmente incomoda, porque começa a retornar lembranças de momentos que não foram bons e a gente tenta, de toda maneira, que isso não afete o grupo. Quando o jogador vê alguns erros que foram cometidos no passado sendo repetidos, você sente que esses jogadores começam a temer uma situação pior”

Adeus breve?

Toda essa situação tem mexido muito com o treinador, que mesmo com a vontade de desempenhar o melhor trabalho e conquistar mais com o time, pode avaliar uma saída nesse período de recesso da Copa do Mundo. O comandante rubro-negro revela que sempre pesa os prós e os contras nessas situações e até ironizou que já se vê como um vitorioso por comandar o time onde cinco meses valem uma eternidade.

“Eu acho que essas situações tem que ser analisadas sempre, eu sempre vejo e sempre peso o que vale a pena e o que não vale. Posso dizer que, nesse momento, todas as vezes que eu pesei e decidi por ficar, o que pesou mais foi meu relacionamento com os jogadores, o que a gente conseguiu conquistar com toda essa dificuldade. Foi isso que me trouxe até aqui, completando cinco meses de Atlético, e em se tratando de Atlético nos últimos tempos, isso é um longo tempo, é quase que um século”

Por tudo isso, o duelo deste sábado contra o Icasa, às 21h, em Juazeiro do Norte (CE), pode ser o ato final do técnico campeão goiano pelo clube rubro-negro. O treinador garante que vai pensar bastante e procurar, principalmente, perspectivas para a equipe ao longo da temporada. Se não encontrar nada atrativo, é porque o limite foi atingido.

“Tudo tem limite e sempre que a gente pesa isso, existe a possibilidade de um lado ser mais forte, em algum momento. Essa situação não seria tomada por uma proposta de outro clube, seria mais pelo que eu sinto em termos de Atlético, de continuidade no trabalho, isso que faria me decidir por um lado ou outro. Existe essa possibilidade (deixar o clube), porque a cada momento a gente está analisando as situações e vendo se existe uma expectativa”