A cidade bate todos os recordes de violência e o fato ruim se repete em todas as regiões. O jornal O Popular desta segunda-feira publicou reportagem sob o título “Epidemia de assassinatos”. Dá números da própria delegacia da área para ilustrar o que vem sendo tema de reportagens e comentários seguidamente nos veículos da Rede Clube de Comunicação. De janeiro a agosto, foram 395 homicídios apenas em Goiânia. Ainda assim, são dados oficiais, com as famosas subnotificações, pois a polícia só registra como homicídio quando não há outro jeito. Não consegue evitar, mas consegue amoitar.

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Não é homicídio quando a própria polícia mata em alegadas trocas de tiro.

Não é homicídio quando alguém vê um corpo inerte e chama o 190, pois é tido como “encontro de cadáver”.

Não é homicídio quando se mata no trânsito, tudo anotado como “acidente”.

Não foram contabilizados os assassinatos em outras cidades da região metropolitana, como Aparecida, Senador Canedo, Trindade e Goianira, também campeãs em homicídios.

Há um mês, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, informou ter descoberto 3 mil laudos médicos falsos para encobrir 3 mil assassinatos em Goiás. Três mil!

Além disso, a apuração é tão malfeita que já chegam a 4 mil homicídios recentes para os quais a polícia sequer sugere autor. E, quando informa que foi alguém, nem sempre tem provas. Em consequência, estão na Justiça 12 mil processos de homicídios sem julgamento.

Tão grave quanto a carnificina é a impunidade. O ano passado terminou sem que nenhum dos 230 homicídios oficiais fosse resolvido pela polícia em Anápolis. Pois o placar também não sai do zero em Goiânia. Das 395 mortes violentas, os poucos assassinos identificados apareceram por outros motivos, não porque a polícia tenha investigado até chegar a eles. Já que as autoridades não agem, têm de ao menos reagir. Investir na Polícia Técnico-Científica, com mais pessoal e equipamentos. Motivar a Polícia Militar. E cobrar da Polícia Civil. Índice zero é o que se exige para o crime, não para a produtividade de quem os desvenda.