LUCIANO TRINDADE – DOHA, CATAR (FOLHAPRESS) – “Precisamos de uma ‘scooter’ para pegá-lo”, afirmou o atacante polonês Arkadiusz Milik ao ser questionado sobre como parar Mbappé no duelo com a França pelas oitavas de final da Copa do Mundo.
Para o azar dele, evidentemente, isso não era possível.
Pior ainda se, além do camisa 10, o time francês ainda tiver com Giroud em um dia inspirado. E foi justamente o que aconteceu neste domingo (4), no estádio Al Thumama, em Doha, na vitória dos atuais campeões mundiais por 3 a 1.
Com gols da dupla, a França continua sua caminhada em busca do tricampeonato mundial e da ambição de igualar uma marca que apenas Itália (1934 e 1938) e Brasil (1958 e 1962) conseguiram, com dois títulos consecutivos.
Ao abrir o placar da vitória sobre os poloneses, Giroud se isolou, ainda, como o maior artilheiro de seu país. O atacante tem 52 gols com a camisa dos Azuis, um a mais do que Thierry Henry, com quem ele dividia a primeira posição até então.
Até o início do Mundial no Catar, parecia improvável que o camisa 9 teria a chance de alcançar a marca do ex-jogador. Não que a distância fosse longa, afinal ele só precisava de mais dois gols para igualá-lo. Mas Giroud não seria o titular da França na Copa.
A vaga só caiu no colo dele depois da lesão de Karim Benzema antes do início do torneio. Sem o atual vencedor do prêmio de melhor do mundo da revista France Football, havia uma desconfiança sobre a capacidade do camisa 9 de substituí-lo.
O temor era que ele repetisse o desempenho de 2018, na Rússia, quando foi titular em toda a jornada francesa, mas mesmo com o título de seu país, não marcou nenhum gol.
No Catar, já são três, o que o coloca também entre os goleadores do torneio. Apenas Mbappé está isolado neste ranking, com cinco gols somados.
No esperado duelo entre o camisa 10 e o polonês Robert Lewandowski, ambos se esforçaram para balançar as redes, exigindo boas defesas de Szczesny e Lloris, mas quem começou a definir o duelo foi Giroud. Premiado pela insistência.
No primeiro tempo, ele também perdeu uma chance clara, livre de marcação na pequena área, mas chegou atrasado para completar um cruzamento rasteiro de Dembélé, aos 28 minutos.
Aos 44, se redimiu. Recebeu passe de Mbappé, invadiu a área e finalizou na saída do goleiro.
A primeira etapa foi equilibrada, principalmente porque a Polônia resolveu jogar, algo que não fez contra a Argentina, na última rodada da fase de grupos, quando perdeu por 2 a 0.
Tanto que a primeira boa chance do jogo foi de Lewandowski. Ele finalizou de longe, aos 20, e a bola saiu à esquerda do gol. Piotr Zieliński também exigiu boa intervenção de Lloris antes de o placar ser aberto, mas o gol francês premiou a equipe que insistiu mais.
A vantagem parcial deu moral para a França voltar do intervalo com mais ímpeto. Quase chegou ao segundo gol logo aos 11 minutos, quando Giroud marcou de bicicleta. Mas o lance foi anulado porque o árbitro venezuelano Jesus Valenzuela viu falta de Varane em Matty Cash na disputa da bola.
Depois de um contra-ataque mortal dos franceses, porém, não teve jeito. Griezmann estava ajudando a defesa, chutou a bola para o ataque e, após boa trama entre Giroud, Dembélé e Mbappé, o camisa 10 invadiu a área e finalizou de chapa para ampliar.
E ainda havia tempo para mais um golaço. Aos 45, ele recebeu dentro da área e finalizou de chapa para dar números finais ao jogo.
No último lance do jogo, Lewandowski diminuiu de pênalti. Numa primeira tentativa, Lloris defendeu, mas o árbitro mandou voltar, pois o goleiro se adiantou. Na segunda, ele fez o segundo gol dele na Copa.
Com a vitória, os Azuis também mantiveram um longo tabu diante dos poloneses. Há quarenta anos, os atuais campeões mundiais não perdem do adversário.
A última vez foi em um amistoso, em 1982, por 4 a 0. Naquele mesmo ano, a Polônia também ganhou aquele que até este domingo era o único duelo entre eles em Copas, por 3 a 2, no México.
Agora os franceses aguardam a definição do duelo entre Senegal e Inglaterra, também neste domingo, às 16h, para conhecerem o adversário das quartas de final.
FRANÇA: Lloris; Koundé (Disasi), Varane, Upamecano e Theo Hernández; Griezmann, Tchouaméni (Fofana) e Rabiot; Dembélé (Coman), Giroud (Thuram) e Mbappé. T.: Didier Deschamps
POLÔNIA: Szczesny; Cash, Glik, Kiwior (Bednarek) e Bereszynski; Krychowiak (Bielik); Kaminski (Zalewski), Zielinski, Szymanski (Milik) e Frankowski (Grosicki); Lewandowski. T.: Czeslaw Michniewicz
Estádio: Al Thumama, em Doha
Árbitro: Jesús Valenzuela Sáez (VEN)
Assistentes: Jorge Urrego Martínez e Tulio Moreno (ambos da VEN)
Cartões amarelos: Tchouaméni (FRA); Bereszynski (POL)
Gols: Giroud, aos 44min do primeiro tempo; Mbappé, aos 29min e aos 45min, e Lewandowski (Polônia), aos 54min do segundo tempo