Um novo relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou que, desde 2014, mais de 50 mil pessoas perderam a vida durante jornadas migratórias em todo o mundo. Os dados são do Projeto de Migrantes Desaparecidos, encampado pela Agência de Migrações da ONU.

O documento mostra que mais de 30 mil pessoas registradas no projeto são de nacionalidade desconhecida e que mais de 60% daqueles que morrem durante rotas migratórias não foram identificados. Dos que puderam ser identificados, mais de 9 mil eram de origem africana, cerca de 2,5 mil de origem asiática e 3 mil de origem americana.  

Para o professor de História e especialista em Geopolítica, Norberto Salomão, o fluxo de migrantes começou a aumentar consideravelmente a partir de 2011, devido às revoluções políticas em países de origem árabe e do continente africano.

“As migrações se intensificaram após 2011, principalmente depois da Primavera Árabe e dos conflitos que intensificaram na África e no Oriente Médio, e logo depois com a guerra na Síria. Na Europa, devido à proximidade geográfica, já se fala em uma crise migratória, sobretudo na região do Mediterrâneo, intensificada atualmente pela guerra na Ucrânia”, explica.

Região do mar Mediterrâneo é a que registra maior número de tentativas de migração. Foto> Nações Unidas.

Outra questão analisada pelo professor é o caminho percorrido pelos migrantes. Muitos deles estão fugindo de conflitos e enfrentam problemas durante suas jornadas, que vão além das guerras nos territórios.

“Devemos lembrar que migrante não é a mesma coisa que refugiado, que é aquele que está fugindo de alguma situação, principalmente de guerras. O migrante passa por muitas áreas que estão em conflito, por lugares onde é discriminado, tem sua etnia perseguida até chegar no seu destino final, onde, por muitas vezes, ele não consegue ser recepcionado,” afirma o professor.

Mais de 50% das mortes ocorreram em tentativas de imigrar para a Europa. Migrações dentro de países do continente africano e para os Estados Unidos, principalmente via fronteira com o México, correspondem a cerca de 10%. Na Ásia, aproximadamente 11% das mais de 6,2 mil mortes registradas foram de crianças, número maior do que qualquer região.

A ONU reforça ainda que as obrigações sob direitos internacionais, incluindo o direito à vida, são de todas a nações e precisam ser mantidos em todos os momentos.

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